“O Senhor é Deus, e não há outro deus”
(Cf. Dt. 4, 39)
Caríssimos irmãos em Cristo,
Neste domingo celebramos a solenidade da Santíssima Trindade.
Ao longo da historia da Igreja este tema de tanta importância para nós cristãos,
foi motivo de muitas discursões teológicas. Ao tentar explicar o Mistério da Santíssima
Trindade, muitos acabaram caindo em diversas heresias. A Santíssima Trindade é
um segredo divino mais importante da Fé que Jesus Cristo nos revelou (Cf. CIC
250-255). Jesus falou de seu Pai, que é Deus; do Espírito Santo, que também é
Deus; e afirmou que Ele e o Pai são uma mesma coisa (Cf. Jo. 10,30), porque é o
Filho de Deus. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são um único Deus, não três
deuses, pois tem a mesma Natureza Divina, ainda que sendo três Pessoas
realmente distintas. Deus é um em essência e trino em pessoas, é a revelação de
sua vida íntima, maior e mais profundo de todos os mistérios; além de ser o
mistério fundamental de nossa fé e de nossa vida cristã. Temos de procurar
conhece-Lo e vive-Lo. O Credo, ou Símbolo que professamos na Missa é a
explicação do mistério trinitário: o que Deus é e o que fez por suas criaturas ao
cria-las, ao redimi-las e ao santifica-las. Para podermos compreender melhor,
compararemos este Mistério com o sol: o sol está no céu e produz luz (que seria
o Filho) e calor (que seria O Espirito Santo); a luz e o calor não são
distintos do sol. A Trindade é algo parecido: o Filho e o Espírito Santo são duas
pessoas iguais em natureza ao Pai, mas é um só Deus. O Pai é Deus, o Filho é
Deus e o Espírito Santo é Deus. Três pessoas reais e distintas, mas um único
Deus.
No Evangelho de Hoje São Mateus nos indica, por meio das
Palavras de Jesus, como podemos entender a ação Trinitária no mundo. Jesus nos
fala que, “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt. 28, 18), Jesus é o Filho de Deus, segunda Pessoa da
Trindade, por isso que tem toda a autoridade sobre o Céu e a Terra, pois Ele é
Deus. No capítulo seguinte mostra a intrínseca relação de amor que existe na
Trindade Santa, o seu mandato é que faça tudo em nome das
três pessoas, O Pai, o Filho e o Espírito Santo, “Ide, pois, e ensinai a todas as nações;
batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt. 28, 19). Deus é amor nos afirma São João em sua
primeira carta (Cf. 1Jo. 4, 8), assim, podemos dizer que a Santíssima Trindade
é amor, existe uma relação de amor no seio da trindade. É esse amor que nós
experimentamos quando nos aproximamos de Deus. Por isso que São João após ter
uma experiência com o Senhor vem nos dizer que Ele é amor e só quem ama pode
está com Deus, porque é impossível viver junto ao Senhor e não amar. A
experiência de Deus impulsiona o coração do homem ao amor, a caridade, a
misericórdia, ao perdão e a justiça.
Desde o Antigo Testamento Deus se revela como o Amor.
No decorrer de sua história, Israel pôde descobrir que Deus tinha uma única
razão para revelar-se a ele e para tê-lo escolhido dentre todos os povos para
ser dele: seu amor gratuito (Cf. CIC 218). E Israel entendeu, graças a seus
profetas, que foi também por amor que Deus não cessou de salvá-1o e de
perdoar-lhe sua infidelidade e seus pecados. Na primeira leitura deste domingo
Moises fala que o YHWH (o Senhor) é o único Deus, “Sabe, pois, agora, e grava em teu
coração que o Senhor é Deus, e
que não há outro em cima no céu, nem embaixo na terra” (Dt. 4, 39). Nos fala das grandes maravilhas e prodígios
que Ele faz àqueles que são fieis a sua lei, “Observa
suas leis e suas prescrições que hoje te prescrevo, para que sejas feliz, tu e
teus filhos depois de ti, e prolongues teus dias para sempre na terra que te dá
o Senhor, teu Deus” (Dt. 4, 40). O profeta Isaias nos diz que o “o amor de Deus é eterno” (Is 54,8), nos diz ainda que, “os montes podem mudar de lugar e as colinas
podem abalar-se, mas o meu amor não mudará” (Is 54,10). Ainda no Antigo
Testamento, encontramos no livro do profeta Jeremias uma belíssima declaração
deste amor de Deus por nós, “Eu te amei
com um amor eterno, conservei por ti o meu amor” (Jr 31,3).
De fato, já no Novo Testamento, São João vem resumir o amor
de Deus em uma só frase, que talvez seja a mais profunda de toda a Sagrada
Escritura, porque fala da maior prova de amor que o mundo já viu, “Deus amou tanto o mundo, que entregou seu
Filho único, para que todo que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”
(Jo 3,16). Na segunda leitura, Paulo nos fala que por meio de Jesus Cristo
somos herdeiros dos Céus, isto é, filhos de Deus, “pois todos os que são conduzidos pelo
Espírito de Deus são filhos de Deus... mas recebestes o espírito de adoção pelo
qual clamamos: Aba! Pai! O Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de
que somos filhos de Deus. E, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e
co-herdeiros de Cristo” (Rm. 8, 14-17). Podemos
perceber que, ao longo de toda a História Salvífica, o amor de Deus era sempre
presente e vizinho ao homem que por sua vez, deixava-se ser tocado por este
Amor. Por fim, a firmação que nos faz o próprio Jesus no Evangelho de hoje nos
enche de alegria, “Eis que estou convosco todos os dias,
até o fim do mundo” (Mt. 28, 20). O
Senhor é sempre próximo a nós e nunca nos abandonará por que nos ama e seu amor
é eterno. Por isso que o salmista hoje nos diz que, “Feliz o povo que o Senhor escolheu
por sua herança” (Sl. 32).
Caríssimos! Peçamos a Deus Uno e Trino que venha em
nosso auxilio e nos ensine a amar os nossos irmãos na fé, assim como ele mesmo nos
ama. Que ajude-nos a sermos sinais do teu amor na nossa casa, no nosso trabalho
e na nossa comunidade. Que nesta semana possamos fala a todos que encontramos
da revelação mais luminosa da fonte do amor que é o Mistério Trinitário: em
Deus, Uno e Trino, há um intercâmbio eterno de amor entre as pessoas do Pai e
do Filho, e este amor não é uma energia ou um sentimento, mas uma pessoa, é o
Espírito Santo. Que Maria Santíssima, a mãe do Filho de Deus, que sempre fez a
vontade de Deus e que com seu Fiat (sim) nos deu Cristo Jesus,
possa interceder a seu Filho por nós e nos auxiliar nesta caminhada. Maria Mãe
de Deus e da Igreja, rogai por nós. Amém.
Roma, 03 de junho,
Solenidade da Santíssima
Trindade, do ano do Senhor de 2012.
Acival Vidal de Oliveira
Seminarista
2º de Teologia
Diocese da Estância – SE/Brasil
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