sábado, 2 de junho de 2012

Solenidade da Santíssima Trindade – Ano B


“O Senhor é Deus, e não há outro deus”
(Cf. Dt. 4, 39)
Caríssimos irmãos em Cristo,
Neste domingo celebramos a solenidade da Santíssima Trindade. Ao longo da historia da Igreja este tema de tanta importância para nós cristãos, foi motivo de muitas discursões teológicas. Ao tentar explicar o Mistério da Santíssima Trindade, muitos acabaram caindo em diversas heresias. A Santíssima Trindade é um segredo divino mais importante da Fé que Jesus Cristo nos revelou (Cf. CIC 250-255). Jesus falou de seu Pai, que é Deus; do Espírito Santo, que também é Deus; e afirmou que Ele e o Pai são uma mesma coisa (Cf. Jo. 10,30), porque é o Filho de Deus. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são um único Deus, não três deuses, pois tem a mesma Natureza Divina, ainda que sendo três Pessoas realmente distintas. Deus é um em essência e trino em pessoas, é a revelação de sua vida íntima, maior e mais profundo de todos os mistérios; além de ser o mistério fundamental de nossa fé e de nossa vida cristã. Temos de procurar conhece-Lo e vive-Lo. O Credo, ou Símbolo que professamos na Missa é a explicação do mistério trinitário: o que Deus é e o que fez por suas criaturas ao cria-las, ao redimi-las e ao santifica-las. Para podermos compreender melhor, compararemos este Mistério com o sol: o sol está no céu e produz luz (que seria o Filho) e calor (que seria O Espirito Santo); a luz e o calor não são distintos do sol. A Trindade é algo parecido: o Filho e o Espírito Santo são duas pessoas iguais em natureza ao Pai, mas é um só Deus. O Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus. Três pessoas reais e distintas, mas um único Deus.
No Evangelho de Hoje São Mateus nos indica, por meio das Palavras de Jesus, como podemos entender a ação Trinitária no mundo. Jesus nos fala que, “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt. 28, 18), Jesus é o Filho de Deus, segunda Pessoa da Trindade, por isso que tem toda a autoridade sobre o Céu e a Terra, pois Ele é Deus. No capítulo seguinte mostra a intrínseca relação de amor que existe na Trindade Santa, o seu mandato é que faça tudo em nome das três pessoas, O Pai, o Filho e o Espírito Santo, “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt. 28, 19). Deus é amor nos afirma São João em sua primeira carta (Cf. 1Jo. 4, 8), assim, podemos dizer que a Santíssima Trindade é amor, existe uma relação de amor no seio da trindade. É esse amor que nós experimentamos quando nos aproximamos de Deus. Por isso que São João após ter uma experiência com o Senhor vem nos dizer que Ele é amor e só quem ama pode está com Deus, porque é impossível viver junto ao Senhor e não amar. A experiência de Deus impulsiona o coração do homem ao amor, a caridade, a misericórdia, ao perdão e a justiça.
Desde o Antigo Testamento Deus se revela como o Amor. No decorrer de sua história, Israel pôde descobrir que Deus tinha uma única razão para revelar-se a ele e para tê-lo escolhido dentre todos os povos para ser dele: seu amor gratuito (Cf. CIC 218). E Israel entendeu, graças a seus profetas, que foi também por amor que Deus não cessou de salvá-1o e de perdoar-lhe sua infidelidade e seus pecados. Na primeira leitura deste domingo Moises fala que o YHWH (o Senhor) é o único Deus, “Sabe, pois, agora, e grava em teu coração que o Senhor é Deus, e

que não há outro em cima no céu, nem embaixo na terra” (Dt. 4, 39). Nos fala das grandes maravilhas e prodígios que Ele faz àqueles que são fieis a sua lei, “Observa suas leis e suas prescrições que hoje te prescrevo, para que sejas feliz, tu e teus filhos depois de ti, e prolongues teus dias para sempre na terra que te dá o Senhor, teu Deus” (Dt. 4, 40). O profeta Isaias nos diz que o “o amor de Deus é eterno” (Is 54,8), nos diz ainda que, “os montes podem mudar de lugar e as colinas podem abalar-se, mas o meu amor não mudará” (Is 54,10). Ainda no Antigo Testamento, encontramos no livro do profeta Jeremias uma belíssima declaração deste amor de Deus por nós, “Eu te amei com um amor eterno, conservei por ti o meu amor” (Jr 31,3).
De fato, já no Novo Testamento, São João vem resumir o amor de Deus em uma só frase, que talvez seja a mais profunda de toda a Sagrada Escritura, porque fala da maior prova de amor que o mundo já viu, “Deus amou tanto o mundo, que entregou seu Filho único, para que todo que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Na segunda leitura, Paulo nos fala que por meio de Jesus Cristo somos herdeiros dos Céus, isto é, filhos de Deus, “pois todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus... mas recebestes o espírito de adoção pelo qual clamamos: Aba! Pai! O Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus. E, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo” (Rm. 8, 14-17). Podemos perceber que, ao longo de toda a História Salvífica, o amor de Deus era sempre presente e vizinho ao homem que por sua vez, deixava-se ser tocado por este Amor. Por fim, a firmação que nos faz o próprio Jesus no Evangelho de hoje nos enche de alegria, “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt. 28, 20). O Senhor é sempre próximo a nós e nunca nos abandonará por que nos ama e seu amor é eterno. Por isso que o salmista hoje nos diz que, “Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança” (Sl. 32).
Caríssimos! Peçamos a Deus Uno e Trino que venha em nosso auxilio e nos ensine a amar os nossos irmãos na fé, assim como ele mesmo nos ama. Que ajude-nos a sermos sinais do teu amor na nossa casa, no nosso trabalho e na nossa comunidade. Que nesta semana possamos fala a todos que encontramos da revelação mais luminosa da fonte do amor que é o Mistério Trinitário: em Deus, Uno e Trino, há um intercâmbio eterno de amor entre as pessoas do Pai e do Filho, e este amor não é uma energia ou um sentimento, mas uma pessoa, é o Espírito Santo. Que Maria Santíssima, a mãe do Filho de Deus, que sempre fez a vontade de Deus e que com seu Fiat (sim) nos deu Cristo Jesus, possa interceder a seu Filho por nós e nos auxiliar nesta caminhada. Maria Mãe de Deus e da Igreja, rogai por nós. Amém.


Roma, 03 de junho, Solenidade da Santíssima Trindade, do ano do Senhor de 2012.




Acival Vidal de Oliveira
Seminarista 2º de Teologia
Diocese da Estância – SE/Brasil

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