sábado, 28 de abril de 2012

IV Domingo da Pascoa – O Bom Pastor


Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me conhecem
 (Jo 10, 14)


Amados irmãos,

Neste domingo celebramos o Cristo Bom Pastor. No Evangelho de São João é o próprio Jesus Cristo que se intitula como Bom Pastor: como aquele que cuida, que vela pelo seu rebanho e não permite que nenhum animal selvagem o fira. Nós somos comparados com o rebanho do Senhor, a porção amada pela qual o Pastor estar disposto a doar sua própria vida. Jesus também faz a diferença entre o Bom Pastor e os mercenários, fala que as ovelhas só ouvem a voz do Pastor, “Todos os que vieram antes de mim- são ladrões e assaltantes; mas as ovelhas não os ouviram” (Jo 10, 8). Jesus coloca-se como a porta pela qual se deve entrar no Reino dos Céus, “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem” (Jo 10, 9). O Senhor não é indiferente ao nosso sofrimento, nos conhece e nos ama, “Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me conhecem” (Jo 10, 14). As ovelhas conhecem a voz do pastor porque ele é sempre presente, existe uma proximidade que possibilita conhecer um ao outro, o pastor estar sempre ao lado de suas ovelhas e jamais abandonará seu rebanho quando chegar a tormenta e os perigos.
Jesus quer mostrar que o verdadeiro pastor escuta os clamores das suas ovelhas, se compadece da ovelha ferida, está sempre atento à necessidade do seu rebanho. O bom pastor é aquele que, mesmo à noite, está a velar seu rebanho e não consegue dormir sem que antes tenha a certeza de que seu rebanho está seguro, protegido da chuva e do frio. O coração do pastor não descansa até que encontre a ovelha que está fora do aprisco. O pastor não só vela seu rebanho, mas o leva ao abrigo seguro onde ele possa repousar e recuperar sua energia. Jesus sabe que não há lugar mais seguro que o seu coração; é aí que encontramos a paz e o descanso: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” ( Mt 11, 28). Nesta caminhada é importante lembrar que Cristo vai à frente guiando o seu rebanho: “vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz” ( Jo 10, 4), fazemos parte do rebanho do Senhor e Ele sempre cuidará de nós porque nos ama e não quer que nenhum de nós se perca pelo caminho, está disposto de deixar as noventa e nove para nos regatar.
Caríssimo durante esta semana peçamos forças a Deus para nos comportar como ovelha do Senhor. Façamos um breve referimento ao salmo 22, que nos fala da confiança no Bom Pastor. Há esperança! Ainda estamos a tempo de voltar os nossos corações para o Senhor, de humildemente, a exemplo do rei Davi, arrepender-nos de nossas faltas, nossos pecados e entregarmo-nos nas mãos do Senhor. É ele o Pastor que nos conduz “pelos caminhos retos, por amor do seu nome” (Sl. 22). Não estamos sozinhos o bom Deus, como chamava o Santo cura d’Ars, está conosco nos protegendo de todo o mal, “A vossa bondade e misericórdia hão de seguir-me por todos os dias de minha vida” (Sl. 22). Nesta confiança entreguemo-nos nossas vidas a Cristo Bom Pastor, somos suas ovelhas e junto a Ele caminharemos seguros. Que Maria Santíssima nos ajude a cumpri nossos propósitos. Maria Consoladora dos aflitos, rogai por nós. Amém.


Roma, 22 de abril, 3° Domingo da Páscoa, do ano do Senhor de 2012



Acival Vidal de Oliveira
Diocese de Estancia-Se
Brasil

terça-feira, 24 de abril de 2012

A Boa Notícia


Ela nãu provoca medo, mas conversão
 
O anúncio feito por Cristo é a Boa Notícia, que suscita um processo de transformação e de passagem para o novo. É saída do antigo, do comodismo e infertilidade para assumir posturas comprometedoras com as exigências da história. Na visão bíblica e cristã, o antigo é pautado por atitudes de pecado, de injustiças e desamor. A conquista do novo é o encontro com as propostas do Reino de Deus, a abertura do coração para a beleza da vida e a presença da graça de Deus em quem a reconhece.

No mundo antigo, a Palavra anunciava castigo para as cidades e povos infiéis a Javé. Nínive, por exemplo, foi ameaçada de destruição, caso não seguisse os conselhos de Jonas. Mas o seu povo foi capaz de experimentar o novo ao mudar de vida.
A Palavra hoje não anuncia catástrofes, mas a chegada da plenitude dos tempos. É como dizer: “o tempo está cumprido”. Aconteceu o nascimento de Jesus Cristo, a chegada do novo. É a chegada do “fim dos tempos”, e não “fim do mundo”.

As catástrofes naturais, enchentes, destruições, perda de pessoas e bens naturais, não significam a chegada do fim do mundo, como está na mente de muita gente. É o curso natural do tempo. O aquecimento global pode ajudar nesse processo.

A Boa Notícia não provoca medo, mas conversão. Ela exige fé e compromisso ativo na comunidade. O povo da cidade de Nínive entendeu a mensagem do profeta Jonas. Ela era a capital dos gentios. Deus guia ao bom caminho os pecadores.

A pregação de Jonas foi a imagem da pregação de Jesus. Em Cristo acontece a “irrupção do Reino de Deus”. Ele não anuncia catástrofe, mas a Boa Nova do Reino. Fez isso como Filho de Deus, convocando as pessoas para a conversão e a esperança.
Conversão é diferente de fazer penitência. Não à base do medo e do castigo, mas de fé na Boa Nova e de experimentar a presença de Deus na vida. Isso faz do convertido discípulo-missionário e “pescador de homens”.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

III Domingo da Páscoa


A paz esteja convosco!
(Lc. 24, 36)

Amados irmãos em Cristo,

A Liturgia deste domingo nos faz participar da alegria de anunciar a Boa Nova, alegria que era vivia pelos discípulos de Jesus. São Lucas no Atos dos Apóstolos fala-nos do discurso de Pedro diante dos judeus. São Pedro iluminado pelo Espirito Santo chama a conversão aquele povo de coração duro que tinha condenado injustamente o Salvador. As palavras de Pedro parece tocarem nosso coração, parece que fala também a Nós. Igualmente aos judeus, nós por meio da nossa desobediência e faltas diante do amor de Deus, somos de certa forma cumplices da injusta condenação de Cristo Jesus, “que vós entregastes e negastes perante Pilatos...Mas vós renegastes o Santo e o Justo e pedistes que se vos desse um homicida” (At. 3, 13-14). Conforta-nos as palavras de Pedro quando diz que somos perdoados por meio do sacrifício do Messias, “Deus, porém, assim cumpriu o que já antes anunciara pela boca de todos os profetas: que o seu Cristo devia padecer. Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos para serem apagados os vossos pecados” (At. 3, 18-19), Cristo Jesus por meio do seu sacrifício alcança o perdão dos nossos pecados. É Ele o cordeiro de Deus que uma vez por todas é ofertado em sacrifício agradável ao Pai. Jesus eternamente esta diante de Deus mostrando suas chagas, intercedendo por todos nós.
Caríssimos, devemos deixar sermos guiados pela Palavra do Senhor. Abandonar as nossas más ações que só distancia-nos de Deus e apoiar-nos em Cristo nosso salvador. São João, na segunda leitura de hoje, exortar-nos a viver uma vida santa sem pecado, “Filhinhos meus, isto vos escrevo para que não pequeis. Mas, se alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. Ele é a expiação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo” (1Jo. 2, 1-2). João aconselha-nos a não cair em pecado, contudo se por acaso cairmos, não devemos nos desespera porque temos Cristo que nos perdoa, que nos dará força para continuar nossa caminhada e corrigir nossos erros. João coloca o cumprimento dos mandamentos, como uma via segura onde podemos chegar a Deus, “Eis como sabemos que o conhecemos: se guardamos os seus mandamentos... Aquele, porém, que guarda a sua palavra, nele o amor de Deus é verdadeiramente perfeito” (1Jo. 2, 3.5). De fato, a observância dos mandamentos (o decálogo) é uma forma de retribuição ao amor de Deus por nós, “É assim que conhecemos se estamos nele” (1Jo. 2,5).
Por fim chegamos ao Evangelho, neste domingo São Lucas apresenta Jesus como àquele que traz a paz e a tranquilidade aos corações aflitos e desesperançados, “A paz esteja convosco!” (Lc. 24, 36). Jesus mais uma vez aparece em meio aos seus discípulos, não quer deixá-los sós. Quer estar sempre perto, os encorajando a seguir em frente com o anuncio da Boa Nova. Os discípulos estão perturbados, ainda não conseguem perceber que Jesus está vivo. Jesus vem ao seu encontro e lhes explica mais uma vez tudo o que aconteceu, “Abriu-lhes então o espírito, para que compreendessem as Escrituras, dizendo: Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia” (Lc. 24, 45-46). Para enfatizar ainda mais sua presença, come e mostra as suas chagas para que eles vejam que é realmente Ele, não é um fantasmas. Por fim, relembra-os da grande missão que eles receberam, a de anunciar o Evangelho em toda Terra, “E que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas de tudo isso” (Lc. 24, 47-48).
Irmãos! Jesus hoje também nos relembra que a missão de levar a Boa Nova do Evangelho também é nossa. Todos nós cristãos batizados, somos anunciadores do Evangelho do Senhor. Nestes dias difíceis onde nos deparamos com tantas dificuldades, medos e perturbações, o Senhor entra nos nossos corações e diz, Que paz esteja com você! Não estamos sós, o Senhor estar muito próximo de nós. Às vezes nos momentos de sofrimentos e dificuldades, não percebemos a presença de Jesus ao nosso lado, porque neste momento Ele nos leva nos seus braços. Assim é impossível vê-lo ao nosso lado, no entanto, se olharmos para o alto, veremos sua face de amor que nos dirá, calma! Tranquilo! Eu te carrego nos meus braços, você está seguro, fiquem em paz. É este o desejo do salmista, seu pedido é que o Senhor faça brilhar o esplendor de vossa face (Cf. Sl. 4) sobre os nossos pobres corações desencorajados pelas dificuldades da vida. Peçamos a Maria, que venha permanecer do nosso lado durantes os momentos difíceis onde não percebemos a presença do Senhor. Maria Mãe dos desesperançados, roga por nós. Amém.



Roma, 22 de abril, 3° Domingo da Páscoa, do ano do Senhor de 2012



Acival Vidal de Oliveira
Diocese de Estancia-Se
Brasil



quarta-feira, 18 de abril de 2012

II Domingo da Páscoa



Felizes aqueles que creem sem ter visto!

(Jo. 20, 29)

Queridos irmãos,


Depois dos quarenta dias da quaresma, tempo de arrependimento e penitência, a Igreja nos convida a alegra-nos, porque o Senhor ressuscitou! Durante estes últimos oito dias celebrávamos a oitava de pascoa, onde meditamos uma série de leituras que nos relatava as aparições de Jesus a algumas mulheres (Maria Madalena) e aos discípulos. O nosso coração deve alegrar-se, já que a promessa foi cumprida, Deus nosso Pai por meio do sacrifício de seu amado Filho Jesus Cristo libertou-nos da prisão da morte e do pecado. Era essa boa nova que os Apóstolos anunciavam a todos os judeus, “Com grande coragem os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus” (At. 4, 33), tentavam mostrar que tudo o que aconteceu com Jesus foi para cumprir as escrituras, que o Nazareno não estava morto, tinha ressuscitado e com seu sangue versado sobre a cruz purificou-nos dos nossos pecados.
Na primeira leitura de hoje Lucas nos fala de como era a vida das primeiras comunidades cristãs, “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era comum” (At. 4, 32). O sacrifício da Cruz é um sacrifício de amor, é a prova de amor de Deus para com o homem. A Igreja (das primeiras comunidades) nasce neste contexto de amor. Do lado aberto do Salvador jorra sangue e água, os Padres viam ai à imagem dos Sacramentos do Batismo e da Eucaristia. As primeiras comunidades eram alimentadas pela a Eucaristia (o Sangue de Cisto), Sacramento do Amor e purificada pela água do batismo que implicava em uma mudança radical de vida, uma vida baseada na lei da caridade, do amor aos irmãos assim como fez o Mestre (Jesus), não mais baseada só na lei mosaica. Era essa caridade que impulsionava os primeiros Cristãos a viverem a partilha. Eles repartiam seus bens com os mais necessitados de modo que todos eram iguais (Cf. At. 4, 34-35).
É neste discurso sobre o amor que São João escreve a sua primeira carta. Para João “Deus caritas est”, isto é, Deus é amor, é caridade e quem tem uma experiência de Deus é tocado e transformado por este amor que o impulsiona a amar os que estão ao seu redor. Assim, todo aquele que se converte, muda de vida e reconhece Cristo como o Salvador torna-se filho no Filho. Em Cristo somos todos irmãos, a Igreja é uma casa de irmãos onde a lei é o amor e o Pai é Deus, “Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos” (1Jo. 5,2). Quem ama sempre busca agradar seu amado. Assim sendo, o homem ao fazer o bem, ao agir moralmente correto, buscando a perfeição é uma forma de agradecimento que faz a Deus seu Criador que o criou por amor. A recompensa àquele que ama e o próprio amor; a caridade, de facto, provém de Deus de modo tal que o próprio Deus é Caridade, “Eis o amor de Deus: que guardemos seus mandamentos. E seus mandamentos não são penosos, porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo” (1Jo. 5, 3-4). Cumprir os mandamentos do Senhor é procurar agrada-lo, é sinal de agradecimento ao seu imenso amor, por isso que não é árduo.
No Evangelho que meditamos neste domingo São João narra às aparições de Jesus ressuscitado. Podemos dividir esta passagem do Evangelho em duas partes: a primeira é a prova real de que o Senhor esta vivo! Ressuscitou; em segundo lugar encontramos a incredulidade de Tomé, que não acredita no que diz seus companheiros. Parece-me importante meditarmos sobre estes dois pontos. João começa falando, “os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: A paz esteja convosco! Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado.” (Jo. 20, 19-20). É importante notar que estes dois versículos nos dão duas informações essenciais para entender a ressurreição do Senhor; a primeira delas e que Cristo não esta preso a matéria, isto é, seu corpo pode entrar facilmente em um lugar sem ter a necessidade de abrir a porta. Seu corpo é um corpo glorioso que não estar preso ao espaço nem ao tempo. A segunda informação que encontramos é que o corpo de Cristo é o mesmo, mostrou-lhes as mãos e o lado. Embora seu corpo seja glorioso continua sendo o mesmo corpo que foi crucificado na cruz.
A ressurreição de Jesus tem algo particular, não é um simples voltar à vida como aconteceu com Lázaro e com tantos outros que logo depois de um tempo voltaram a morrer definitivamente. Jesus traz o seu mesmo corpo da cruz mais não só voltou à vida por um tempo, Jesus vive agora para sempre, não tornará a morrer. É nesta verdade que se fundamenta a nossa fé, de fato, se Cristo não ressuscitasse em vão seria a nossa fé, Já dizia São Paulo em uma das suas cartas. É este fato que para Tomé e a maioria dos judeus era impossível de acreditar. Não era fácil de compreender este mistério. A segunda parte do Evangelho João conta a descrença de Tomé naquilo que lhe relataram seus companheiros, “Os outros discípulos disseram-lhe: Vimos o Senhor. Mas ele replicou-lhes: Se não vir em suas mãos o sinal dos pregos, e não puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acreditarei” (Jo. 20, 25). Tomé é imagem de tantos de nós que muitas vezes também precisamos ver para acreditar. Muitas vezes esquecemos que a fé é crê naquilo que não se ver com os olhos da carne, mas com os olhos do coração. Por diversas vezes Jesus como a Tomé nos diz, “Não sejas incrédulo, mas homem de fé” (Jo. 20, 27).
Ser cristão exige um ato de fé em Jesus e em seus mistérios, nem sempre poderemos ver aquilo que estar oculto, mas no nosso coração deve reinar a certeza de que Jesus é real e embora não o vejamos estar sempre do nosso lado, se agirmos desta forma, será dirigida a nós à frase que disse Jesus a Tomé, Felizes aqueles que creem sem ter visto!” (Jo. 20, 29). Meus amados irmãos, como nos diz o salmista, Dai graças ao Senhor, porque ele é bom; eterna é a sua misericórdia!” (Sl. 117). Não devemos ficar indiferentes ao amor de Nosso Senhor que se ofereceu no lenho da cruz para nos salvar. Devemos ser agradecidos a esse Jovem Galileu que de maneira simples revelou o verdadeiro rosto de Deus, rosto de amor, de justiça e sobre tudo de misericórdia. Não esqueçamos de pedir a Maria, ela que acreditou nas palavras do Anjo Gabriel mesmo sem compreender, que venha nos ensinar a crê e amar seu Filho Jesus como ele merece ser amado. Maria Mãe da Divina Graça, roga por nós. Amém.



Roma, 15 de abril, 2° Domingo da Páscoa, do ano do Senhor de 2012



Acival Vidal de Oliveira
Diocese de Estancia-Se
Brasil