quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Eucaristia

 I - Introdução

A Eucaristia é "Fonte de toda a vida cristã".

 A palavra Eucaristia vem do grego Eucharistein que quer dizer "Dar Graças a Deus", c.f. Lc 22,19: "E tomou um pão, deu graças, partiu e distribuiu-o a eles, dizendo: ‘Isto é o meu corpo...". Este texto lembra as bênçãos judaicas que proclamam, sobretudo durante a refeição, as obras de Deus: a Criação, a Redenção e a Santificação.
É o sacrifício e Sacramento da nova lei, instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, no qual sob as espécies de "pão e vinho", está presente e vivo, e o fruto é recebido. Enquanto Sacrifício a Eucaristia é chamada "Missa", enquanto Sacramento é chamada "Sagrada Comunhão" ou "Santíssimo Sacramento".
 A Eucaristia, quer como Sacrifício quer como Sacramento, é o centro de toda a vida e de todo o culto cristão, porque leva o homem a Deus e traz Deus ao homem.

II – Anúncios da Páscoa
A Ceia Pascal no Antigo Testamento
 No Antigo Testamento, a Ceia Pascal era um memorial que pelos gestos e alimentos (Cordeiro Pascal, Pão sem fermento ou pães ázimos e Ervas amargas) lembrava a libertação milagrosa do povo de Israel da escravidão do Egito e sua partida para a Terra Prometida. Em Ex 12,5-6 lê-se: "O cordeiro será macho, sem defeito e de um ano. Vós o escolhereis entre os cordeiros ou entre os cabritos, e o guardareis até o décimo quarto dia desse mês; e toda a assembléia da comunidade de Israel o imolará ao crepúsculo". (c.f. Lv 23, 4-14; Nm 28, 16-25).
Comentário: "A Páscoa Judaica preparava assim a Páscoa Cristã: Cristo, Cordeiro de Deus, é imolado (cruz) e comido (ceia) no quadro da Páscoa Judaica (Semana Santa). Ele traz a salvação ao mundo, e a renovação mística deste ato de redenção torna-se o centro da Liturgia Cristã que se organiza tendo por centro a Missa, Sacrifício e Redenção" (c.f. nota ‘q’ - bíblia de Jerusalém, pág. 121).

III - A Eucaristia na Igreja hoje (enquanto Sacrifício)
 O Sacrifício foi instituído por Cristo para que, segundo suas palavras, fosse perpetuado pelos séculos, até a sua volta (c.f. I Cor 11, 23-26). "Os sacerdotes reapresentam e aplicam no sacrifício da Missa, o Sacrifício de Cristo, que como hóstia imaculada se ofereceu ao Pai." (c.f. Lumen Gentium).
 É necessário portanto que estejamos puros de alma para que, como visto acima, sirvamos ao Deus Vivo e festejemos a festa da vida eterna. Para finalizar este tópico, atentemos a Eucaristia como celebração. É impressionante que todas as orações se dirijam não a Cristo mas, através dele, ao Pai. Se tivermos que destacar um ponto culminante na Celebração enquanto tal, sem dúvida esse ponto seria na Doxologia: "Por cristo, Com Cristo e em Cristo". E a história humana poderá encerrar-se quando o cristo da páscoa houver reunido em si todos os homens. "Deus será tudo em todos".(c.f. I Cor 15, 28).

IV - A Eucaristia na Igreja hoje (enquanto Sacramento)
 O que a Igreja vive ao nível da sua compreensão do mistério, ela o atualiza em sua vida litúrgica e sacramental, particularmente na Celebração da Eucaristia. Esta celebração está no centro da vida da Igreja, e não é um momento isolado de sua existência, mas é tudo na vida da Igreja e da qual procede toda a força do anúncio evangélico. Vejamos em Jo 3, 16: "Pois deus amou tanto o mundo , que entregou o seu Filho único, para que todo aquele que nele crê não pereça mas tenha a vida eterna".
Comentário: a Igreja em nome de toda a humanidade, rende graças ao Pai, por seu incrível amor. Deus respondeu ao egoísmo dos homens com a caridade do dom de seu Filho, e enviou-lhe cheio dos dons do espírito. A Igreja sabe disso e dá graças.
 Graças ao Concílio Vaticano II. nós nos demos conta, com vigor renovado, desta verdade: assim como a igreja "faz a Eucaristia, a Eucaristia constrói a Igreja". A Igreja foi fundada como comunidade nova do povo de Deus, na comunidade apostólica daqueles doze que durante a "Última Ceia", se tornaram participantes do Corpo e do Sangue do Senhor "sob as espécies do pão e do vinho". Vejamos em 1 Cor 11, 23-26: "Com efeito, eu mesmo recebi do Senhor o que vos transmiti: na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: ‘Isto é o meu Corpo que é para vós; fazei isto em memória de mim’. Do mesmo modo, após a Ceia, também tomou o cálice, dizendo: ‘Este cálice é a Nova Aliança em meu Sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim’. Todas as vezes, pois, que comeis deste pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha."
Comentário: Os Doze, cumprindo sua ordem, entram pela primeira vez em comunhão Sacramental com o filho de Deus, que é penhor de vida eterna. E a partir daquele momento, até o fim dos séculos, a Igreja se constrói, mediante a mesma comunhão com o "Filho de Deus" que é penhor da Páscoa Eterna. (c.f. Mt 26, 26-29; Mc 14, 22-24; Lc 22, 19-20).
 Para finalizar esta quinta parte do nosso estudo, vejamos a principal mensagem que a Igreja passa para os seus fiéis em relação à seriedade deste Sacramento: "Eis porque todo aquele que comer do pão e beber do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. Por conseguinte, que cada um examine a si mesmo antes de comer desse pão e beber deste cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe a própria condenação". (1 Cor 11, 29). Vejamos também em Jo 6, 53-56: "Então Jesus lhes respondeu: ‘Em verdade, em verdade, vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem vida eterna. e Eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue é verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim, e Eu nele."
Comentário: a intenção da Igreja não é fazer com que os cristãos tenham receio de comungar, mas que cada um compreenda melhor que a comunhão obriga a imitar aquele que morreu perdoando, e a interiorizar plenamente uma conversão Pascal e Batismal. Aquele que recebe o pão aceita tornar-se ele mesmo pão, entendendo assim que deve doar-se aos irmãos como Cristo se doou para nós.

V - Presença real de Jesus na Eucaristia
 Vimos anteriormente, o quanto Cristo é claro no que se refere a importância de seu corpo e sangue. Para crermos na presença real de Jesus na Eucaristia, vejamos algumas questões importantes:
 1 - Os Evangelhos foram escritos na língua Grega, de alta cultura, na qual existem muitas expressões para os verbos simbolizar, significar (=em grego "Semanei"), representar, lembrar, etc. no entanto, os três evangelistas (Mt 26, 26-28; Mc 14, 22-24; Lc 22, 19-20) e São Paulo (1 Cor 11,23-26) no descreverem a última Ceia de Jesus, usam exclusivamente a forma grega "Esti", que somente significa "É". Desta maneira transmitiram-nos, unanimemente a interpretação autêntica das palavras de Jesus: " Isto é o meu corpo...; este é o cálice do meu sangue...".
 2 - Na língua de Jesus, o aramaico, também escreveu-se, isto é o meu corpo e não, isto representa (simboliza, relembra) o meu corpo.
 3 - Se não houvesse a presença real de Jesus na Eucaristia, São Paulo não escreveria em 1 Cor 11, 27-29: "Eis porque todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e sangue do Senhor. Por conseguinte, que cada um examine a si mesmo antes de comer desse pão e beber desse cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe a própria condenação".
 4 - O evangelista São João em seu evangelho no capítulo 6, versículo 22 ao 71, nos fala do discurso de Jesus aos judeus e aos seus discípulos ( que eram centenas deles) na Sinagoga de Cafarnaum.
 Nesta Sinagoga Jesus diz com palavras claras e compreensíveis a todos: "Eu sou o Pão da vida", "Eu desci do céu", "Quem comer deste pão viverá eternamente", "O Pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo; se não comerdes a carne do filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna".
 Os judeus e os seus discípulos entenderam, perfeitamente, que Jesus dissera comer a sua carne e beber o seu sangue, como diz o versículo 52: "os Judeus discutiam entre si dizendo: ’Como esse homem pode dar-nos a sua carne a comer ? ‘. Ora se Jesus tivesse falado algo que tivesse sido interpretado erroneamente, ele esclareceria o verdadeiro sentido das suas palavras, pois ele é o caminho, a verdade e a vida.
 Mas não esclareceu. Diz o versículo 60: "Muitos de seus discípulos, ouvindo-o disseram: ‘Essa palavra é dura! quem pode escutá-la ? ‘ ; e Jesus fala no versículo 61: "... Isto vos escandaliza?". Porém como nos narra no versículo 66: "A partir daí, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele". Parece até que os versículos 64 e 65 foram escritos para aqueles que negam a presença real de Jesus na Eucaristia, quando Jesus disse: "Alguns de vós , porém não crêem" .
 Jesus sabia , com efeito , desde o princípio , quais os que não criam e dizia : "Por isso vos afirmei que ninguém pode vir a Mim , se isso não lhe for concedido pelo Pai".
Importante: A clareza e a insistência destas palavras, exigem que sejam entendidas em seu pleno realismo. No versículo 52 é usado o verbo grego "Phagein" (comer), já no versículo 54 ["Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia"], o verbo usado é "Trogo" (dilacerar, mastigar).
Assim compreendemos que Jesus não desfaz nenhum mal entendido, porque simplesmente não há mal entendido! A respeito desta questão, o humorista , crítico irônico, Erasmo de Rotterdam, que escrevia sobre as reformas Eucarísticas de Lutero e Zwínglio (fundadores do Protestantismo) disse em torno de 1529 o seguinte texto: "Jamais me pude persuadir de que Jesus, a verdade e a bondade mesmas, tenha permitido que por tantos séculos a sua Esposa, a Igreja, tenha prestado adoração a um pedaço de pão em lugar de adorar a Jesus mesmo.".
 Há alguns casos de milagres Eucarísticos que parecem ter por finalidade pôr em evidência o realismo e a eficácia da presença de Cristo sob os sinais do pão e do vinho, é o que chamamos de milagre da Transubstanciação – muda-se a matéria sem mudar os acidentes. Podemos citar 130 milagres, dentre os quais os dois mais famosos são os de Lanciano e Turim.

 VI – Os Milagres Eucarísticos
Uma antiga tradição, que vai desde a origem do Cristianismo até os nossos dias, atesta a existência de milagres Eucarísticos. De modo geral, revelam a presença de Cristo no Sacramento e manifestam a natureza e os efeitos da mesma. Há tempos, foi traçado um "Mapa Eucarístico", que registra o local e a data de mais de 130 milagres, metade dos quais ocorridos na Itália.
Escolhemos dentre estes dois milagres verificados entre 700 e 1700. Selecionamo-los dentre os mais bem documentados e os mais eloqüentes, visto que não há para todos, como se compreende, um abono de provas históricas e científicas igualmente rigoroso e persuasivo.
 I– em Turim - em 1453, houve a queda do Império Romano do Oriente. Renato (Duque de Anjou e de Lorena – Itália) foi vencido em batalha muito sangrenta após a qual os Piemonteses saquearam todas as residências da cidade; ao chegarem a Igreja, forçaram o Tabernáculo. Tiraram o ostensório de prata, no qual se guardava o corpo de cristo ocultando-no dentro de uma carruagem juntamente com os outros objetos roubados, e dirigiram-se para Turim. Crônicas antigas relatam que, na altura da Igreja de São Silvestre, o cavalo parou bruscamente a carruagem – o que ocasionou a queda, por terra, do ostensório – dizem que então o ostensório se levantou nos ares "com grande esplendor e com raios que pareciam os do sol". Os espectadores chamaram o Bispo da cidade, Ludovico Romagnano, que foi prontamente ao local do prodígio. Quando chegou, "O ostensório caiu por terra, ficando o corpo de Cristo nos ares a emitir raios refulgentes". O Bispo, diante dos fatos, pediu que lhe levassem um cálice. Dentro do cálice, desceu a hóstia, que foi levada para a catedral com grande solenidade. Era o dia 9 de junho de 1453. Existem testemunhos contemporâneos do acontecimento (Atti Capitolari de 1454 a 1456). No século seguinte, a Câmara Municipal mandou construir uma Capela ou Oratório sobre o lugar do milagre. O oratório foi destruído para ceder à construção da Igreja de "Corpus Domini" (1609), que até hoje atesta o prodígio.
 II – Em Lanciano – Estamos em data não claramente definida do séc. VIII. Um monge da ordem de São Basílio estava celebrando na Igreja dos santos Degonciano e Domiciano. Terminada a Consagração, que ele realizara provavelmente em estado de dúvidas interiores, senão de incredulidade, a hóstia transformou-se em carne e o vinho em sangue depositado dentro do cálice. Ao ver isto, o monge, perturbado e atônito, procurou ocultar o fato; mas depois, reagindo à emoção, manifestou-o aos fiéis, que, feitos testemunhas do milagre, espalharam a notícia pela cidade. – O exame das relíquias, segundo critérios rigorosamente científicos, ocorrido pela última vez em 1970, levou aos seguintes resultados muito significativos:
 A) A hóstia, que a tradição diz ter-se transformado em carne, é realmente constituída por fibras musculares estriadas, pertencentes ao miocárdio. Acrescente-se que a massa sutil de carne humana que foi retirada dos bordos, deixando amplo vazio no centro é totalmente homogênea. Com outras palavras: não apresenta lesões, como os apresentaria se se tratasse de um pedaço de carne cortada com uma lâmina.
B) Quanto ao sangue, trata-se de genuíno sangue humano. Mais: o grupo sangüíneo ‘A’ que pertencem os vestígios de sangue, o sangue contido na carne e o sangue do cálice revelam tratar-se sempre do mesmo sangue grupo ‘AB’ (sangue comum aos Judeus). Este é também o grupo que o professor Pierluigi Baima Bollone, da universidade de Turim, identificou na Sagrada Mortalha (Santo Sudário).
C) Apesar da sua antigüidade, a carne e o sangue se apresentam com uma estrutura de base intacta e sem sinais de alterações substanciais; este fenômeno se dá sem que tenham sido utilizadas substâncias ou outros fatores aptos a conservar a matéria humana, mas, ao contrário, apesar da ação dos mais variados agentes físicos, atmosféricos, ambientais e biológicos. A linguagem das relíquias de Lanciano é clara e fascinante: verdadeira carne e verdadeiro sangue humano, na sua inalterada composição que desafia os tempos; trata-se mesmo da carne do coração, daquele coração do qual, conforme a fé, jorrou o sangue que dá a vida.

 VII – Conclusão
A Eucaristia é a maneira que Jesus escolheu para permanecer conosco e nos alimentar de sua própria vida. Deus quer que todos os homens tenham alimento para o sustento do corpo e busquem a Eucaristia para alimento espiritual. Alimento este para reforçar a vida daquele que participa deste banquete, a fim de poder realizar em nós, aqui na terra, as boas obras e um testemunho vivo da presença de nosso Senhor Jesus Cristo na Santa Eucaristia.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

I- Domingo da Quaresma

“O Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho”
 (Mc. 1, 15)

Amados irmãos,

Celebramos nesta semana o primeiro domingo da quaresma. A Igreja nos convida por meio da liturgia a reviver os quarentas dias que Jesus passa no deserto em oração e jejum antes de ser entregue aos judeus. Este tempo é um tempo de penitencia e de uma busca de reconciliação com Senhor, que sempre nos espera com seus braços abertos. São Marcos, no seu Evangelho, nos diz que o Espírito impeliu Jesus Cristo para o deserto, onde Ele passou quarenta dias. Após estes dias de oração e jejum “Foi tentado pelo demônio” (Mc. 1, 13). Jesus se prepara por meio da oração e da abstinência para a sua grande missão que salvaria a humanidade das cadeias do pecado. É neste momento de privação que o tentador, isto é, o demônio se aproxima dele e tenta engana-lo com suas mentiras. Contudo, o Senhor mostra-nos que quando estamos em sintonia com o Pai, ainda que pareçamos fracos, por meio da graça podemos vencer o mal, porque Deus nos dar sua força. Marcos ainda acrescenta, “E os anjos o serviam” (Mc. 1, 14), esta frase mostra a assistência de Deus, envia os seus anjos para servir seu amado filho logo que o tentador se retira. Depois de ter passado os quarentas dias no deserto, Cristo Jesus vai a Galileia anunciar a boa nova do Reino de Deus e completar a sua missão.
Caríssimos, do mesmo modo que falava aos judeus, hoje Cristo Jesus está a dizer, “Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho” (Mc. 1, 15). É por ouvir a voz do seu Esposo (Jesus Cristo) que continuamente nos convida a conversão, que a Igreja nos disponibiliza, por meio da liturgia, este tempo especial onde meditamos e relembramos o sofrimento que Nosso Salvador passou por amor a todos nós. Na primeira leitura, o livro do Gênese nos fala da aliança que o Senhor Deus faz com Noé, “Faço esta aliança convosco: nenhuma criatura será destruída pelas águas do dilúvio, e não haverá mais dilúvio para devastar a terra” (Gn. 9, 11). As aguas do diluvio que purifica toda a terra do pecado e de toda imundice é uma figura do batismo após a Paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, como São Pedro mesmo afirma em sua primeira carta, “Esta água prefigurava o batismo de agora, que vos salva também a vós, não pela purificação das impurezas do corpo, mas pela que consiste em pedir a Deus uma consciência boa, pela ressurreição de Jesus Cristo” (1Pd. 3, ).
Assim como toda a terra foi lavada e purificada palas aguas do dilúvio, por meios das aguas do batismo nossa alma é lavada e purificada de toda impureza do pecado. Cristo é o sinal da Nova Aliança que faz Deus com os homens. É por meio da Cruz de Cristo que toda a humanidade foi salva do poder do pecado e da morte. No salmo que meditamos neste domingo o salmista diz, “Senhor, mostrai-me os vossos caminhos, e ensinai-me as vossas veredas. Dirigi-me na vossa verdade e ensinai-me, porque sois o Deus de minha salvação e em vós eu espero sempre” (Sl. 24). O pedido do salmista é atendido, é o próprio Jesus, o Filho de Deus, que vai indicar o caminho pelo qual o homem deve seguir para chegar ao Pai. É Ele o caminho verdadeiro que nos leva a Deus. Por meio do seu sacrifício Cristo abre as portas dos Céus para nós, nele nos tornamos filhos de Deus e herdeiro da graça, como nos diz São Paulo.
Amados irmãos, que durante esta Quaresma possamos seguir confiantes nos caminhos do Senhor, porque o Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho. Que possamos arrepender-nos das nossas faltas e voltar o nosso coração para o Senhor Deus, pois Ele é “bom e reto, por isso reconduz os extraviados ao caminho reto. Dirige os humildes na justiça, e lhes ensina a sua via” (Sl. 24). Peçamos a Maria Santíssima que nos acompanhe e nos guia ao coração do seu amado Filho, Nossa Senhora Consoladora dos aflitos, rogai por nós. Amém.


Roma, 26 de fevereiro, 1° Domingo da Quaresma, do ano do Senhor de 2012.



Seminarista Acival Vidal de Oliveira
Diocese da Estância – SE/Brasil



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Mensagem para a Quaresma de 2012

Queridos irmãos e irmãs,

A Quaresma oferece-nos a oportunidade de reflectir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Com efeito este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal.

Desejo, este ano, propor alguns pensamentos inspirados num breve texto bíblico tirado da Carta aos Hebreus: «Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (10, 24). Esta frase aparece inserida numa passagem onde o escritor sagrado exorta a ter confiança em Jesus Cristo como Sumo Sacerdote, que nos obteve o perdão e o acesso a Deus. O fruto do acolhimento de Cristo é uma vida edificada segundo as três virtudes teologais: trata-se de nos aproximarmos do Senhor «com um coração sincero, com a plena segurança da fé» (v. 22), de conservarmos firmemente «a profissão da nossa esperança» (v. 23), numa solicitude constante por praticar, juntamente com os irmãos, «o amor e as boas obras» (v. 24). Na passagem em questão afirma-se também que é importante, para apoiar esta conduta evangélica, participar nos encontros litúrgicos e na oração da comunidade, com os olhos fixos na meta escatológica: a plena comunhão em Deus (v. 25). Detenho-me no versículo 24, que, em poucas palavras, oferece um ensinamento precioso e sempre actual sobre três aspectos da vida cristã: prestar atenção ao outro, a reciprocidade e a santidade pessoal.

1. Prestemos atenção

O primeiro elemento é o convite a «prestar atenção»: o verbo grego usado é katanoein, que significa observar bem, estar atento, olhar conscienciosamente, dar-se conta de uma realidade. Encontramo-lo no Evangelho, quando Jesus convida os discípulos a «observar» as aves do céu, que não se preocupam com o alimento e todavia são objecto de solícita e cuidadosa Providência divina (cf. Lc 12, 24), e a «dar-se conta» da trave que têm na própria vista antes de reparar no argueiro que está na vista do irmão (cf. Lc 6, 41). Encontramos o referido verbo também noutro trecho da mesma Carta aos Hebreus, quando convida a «considerar Jesus» (3, 1) como o Apóstolo e o Sumo Sacerdote da nossa fé. Por conseguinte o verbo, que aparece na abertura da nossa exortação, convida a fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos. Mas, com frequência, prevalece a atitude contrária: a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo, mascarado por uma aparência de respeito pela «esfera privada». Também hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o «guarda» dos nossos irmãos (cf. Gn 4, 9), para estabelecermos relações caracterizadas por recíproca solicitude, pela atenção ao bem do outro e a todo o seu bem. O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o facto de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor. Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a misericórdia e a compaixão. O Servo de Deus Paulo VI afirmava que o mundo actual sofre sobretudo de falta de fraternidade: «O mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou no monopólio, que alguns fazem, dos recursos do universo» (Carta enc. Populorum progressio, 66).
A atenção ao outro inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem sob todos os seus aspectos: físico, moral e espiritual. Parece que a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é «bom e faz o bem» (Sal 119/118, 68). O bem é aquilo que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Assim a responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos às suas necessidades. A Sagrada Escritura adverte contra o perigo de ter o coração endurecido por uma espécie de «anestesia espiritual», que nos torna cegos aos sofrimentos alheios. O evangelista Lucas narra duas parábolas de Jesus, nas quais são indicados dois exemplos desta situação que se pode criar no coração do homem. Na parábola do bom Samaritano, o sacerdote e o levita, com indiferença, «passam ao largo» do homem assaltado e espancado pelos salteadores (cf. Lc 10, 30-32), e, na do rico avarento, um homem saciado de bens não se dá conta da condição do pobre Lázaro que morre de fome à sua porta (cf. Lc 16, 19). Em ambos os casos, deparamo-nos com o contrário de «prestar atenção», de olhar com amor e compaixão. O que é que impede este olhar feito de humanidade e de carinho pelo irmão? Com frequência, é a riqueza material e a saciedade, mas pode ser também o antepor a tudo os nossos interesses e preocupações próprias. Sempre devemos ser capazes de «ter misericórdia» por quem sofre; o nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do pobre. Diversamente, a humildade de coração e a experiência pessoal do sofrimento podem, precisamente, revelar-se fonte de um despertar interior para a compaixão e a empatia: «O justo conhece a causa dos pobres, porém o ímpio não o compreende» (Prov 29, 7). Deste modo entende-se a bem-aventurança «dos que choram» (Mt 5, 4), isto é, de quantos são capazes de sair de si mesmos porque se comoveram com o sofrimento alheio. O encontro com o outro e a abertura do coração às suas necessidades são ocasião de salvação e de bem-aventurança.
O facto de «prestar atenção» ao irmão inclui, igualmente, a solicitude pelo seu bem espiritual. E aqui desejo recordar um aspecto da vida cristã que me parece esquecido: a correcção fraterna, tendo em vista a salvação eterna. De forma geral, hoje é-se muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos. Na Igreja dos primeiros tempos não era assim, como não o é nas comunidades verdadeiramente maduras na fé, nas quais se tem a peito não só a saúde corporal do irmão, mas também a da sua alma tendo em vista o seu destino derradeiro. Lemos na Sagrada Escritura: «Repreende o sábio e ele te amará. Dá conselhos ao sábio e ele tornar-se-á ainda mais sábio, ensina o justo e ele aumentará o seu saber» (Prov 9, 8-9). O próprio Cristo manda repreender o irmão que cometeu um pecado (cf. Mt 18, 15). O verbo usado para exprimir a correcção fraterna – elenchein – é o mesmo que indica a missão profética, própria dos cristãos, de denunciar uma geração que se faz condescendente com o mal (cf. Ef 5, 11). A tradição da Igreja enumera entre as obras espirituais de misericórdia a de «corrigir os que erram». É importante recuperar esta dimensão do amor cristão. Não devemos ficar calados diante do mal. Penso aqui na atitude daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou mera comodidade, adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios irmãos contra modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem. Entretanto a advertência cristã nunca há-de ser animada por espírito de condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e a misericórdia e brota duma verdadeira solicitude pelo bem do irmão. Diz o apóstolo Paulo: «Se porventura um homem for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi essa pessoa com espírito de mansidão, e tu olha para ti próprio, não estejas também tu a ser tentado» (Gl 6, 1). Neste nosso mundo impregnado de individualismo, é necessário redescobrir a importância da correcção fraterna, para caminharmos juntos para a santidade. É que «sete vezes cai o justo» (Prov 24, 16) – diz a Escritura –, e todos nós somos frágeis e imperfeitos (cf. 1 Jo 1, 8). Por isso, é um grande serviço ajudar, e deixar-se ajudar, a ler com verdade dentro de si mesmo, para melhorar a própria vida e seguir mais rectamente o caminho do Senhor. Há sempre necessidade de um olhar que ama e corrige, que conhece e reconhece, que discerne e perdoa (cf. Lc 22, 61), como fez, e faz, Deus com cada um de nós.

2. «Uns aos outros»: o dom da reciprocidade.

O facto de sermos o «guarda» dos outros contrasta com uma mentalidade que, reduzindo a vida unicamente à dimensão terrena, deixa de a considerar na sua perspectiva escatológica e aceita qualquer opção moral em nome da liberdade individual. Uma sociedade como a actual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser assim na comunidade cristã! O apóstolo Paulo convida a procurar o que «leva à paz e à edificação mútua» (Rm 14, 19), favorecendo o «próximo no bem, em ordem à construção da comunidade» (Rm 15, 2), sem buscar «o próprio interesse, mas o do maior número, a fim de que eles sejam salvos» (1 Cor 10, 33). Esta recíproca correcção e exortação, em espírito de humildade e de amor, deve fazer parte da vida da comunidade cristã.
Os discípulos do Senhor, unidos a Cristo através da Eucaristia, vivem numa comunhão que os liga uns aos outros como membros de um só corpo. Isto significa que o outro me pertence: a sua vida, a sua salvação têm a ver com a minha vida e a minha salvação. Tocamos aqui um elemento muito profundo da comunhão: a nossa existência está ligada com a dos outros, quer no bem quer no mal; tanto o pecado como as obras de amor possuem também uma dimensão social. Na Igreja, corpo místico de Cristo, verifica-se esta reciprocidade: a comunidade não cessa de fazer penitência e implorar perdão para os pecados dos seus filhos, mas alegra-se contínua e jubilosamente também com os testemunhos de virtude e de amor que nela se manifestam. Que «os membros tenham a mesma solicitude uns para com os outros» (1 Cor 12, 25) – afirma São Paulo –, porque somos um e o mesmo corpo. O amor pelos irmãos, do qual é expressão a esmola – típica prática quaresmal, juntamente com a oração e o jejum – radica-se nesta pertença comum. Também com a preocupação concreta pelos mais pobres, pode cada cristão expressar a sua participação no único corpo que é a Igreja. E é também atenção aos outros na reciprocidade saber reconhecer o bem que o Senhor faz neles e agradecer com eles pelos prodígios da graça que Deus, bom e omnipotente, continua a realizar nos seus filhos. Quando um cristão vislumbra no outro a acção do Espírito Santo, não pode deixar de se alegrar e dar glória ao Pai celeste (cf. Mt 5, 16).

3. «Para nos estimularmos ao amor e às boas obras»: caminhar juntos na santidade.

Esta afirmação da Carta aos Hebreus (10, 24) impele-nos a considerar a vocação universal à santidade como o caminho constante na vida espiritual, a aspirar aos carismas mais elevados e a um amor cada vez mais alto e fecundo (cf. 1 Cor 12, 31 – 13, 13). A atenção recíproca tem como finalidade estimular-se, mutuamente, a um amor efectivo sempre maior, «como a luz da aurora, que cresce até ao romper do dia» (Prov 4, 18), à espera de viver o dia sem ocaso em Deus. O tempo, que nos é concedido na nossa vida, é precioso para descobrir e realizar as boas obras, no amor de Deus. Assim a própria Igreja cresce e se desenvolve para chegar à plena maturidade de Cristo (cf. Ef 4, 13). É nesta perspectiva dinâmica de crescimento que se situa a nossa exortação a estimular-nos reciprocamente para chegar à plenitude do amor e das boas obras.
Infelizmente, está sempre presente a tentação da tibieza, de sufocar o Espírito, da recusa de «pôr a render os talentos» que nos foram dados para bem nosso e dos outros (cf. Mt 25, 24-28). Todos recebemos riquezas espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da Igreja e para a nossa salvação pessoal (cf. Lc 12, 21; 1 Tm 6, 18). Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua. Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o convite, sempre actual, para tendermos à «medida alta da vida cristã» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31). A Igreja, na sua sabedoria, ao reconhecer e proclamar a bem-aventurança e a santidade de alguns cristãos exemplares, tem como finalidade também suscitar o desejo de imitar as suas virtudes. São Paulo exorta: «Adiantai-vos uns aos outros na mútua estima» (Rm 12, 10).
Que todos, à vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas (cf. Heb 6, 10). Este apelo ressoa particularmente forte neste tempo santo de preparação para a Páscoa. Com votos de uma Quaresma santa e fecunda, confio-vos à intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e, de coração, concedo a todos a Bênção Apostólica.

BENEDICTUS PP. XVI


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Deus nos convida a servi!

"O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me conferiu a unção para anunciar a boa nova aos pobres. Enviou-me a proclamar aos cativos a libertação e aos cegos, a recuperação da vista, para despedir os oprimidos em liberdade, para proclamar um ano de acolhimento da parte do Senhor"(Lc 4,18-19).




Nós, cristãos, podemos fazer destas palavras de Jesus nossas próprias palavras. Podemos assumi-las em nossa vida porque fomos incorporados a Cristo pelo Batismo e por isto somos participantes do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo. Nos tornamos, pelo múnus sacerdotal, servos da salvação de Deus para os nossos irmãos; pelo múnus profético, anunciadores da Palavra de Deus e pelo múnus régio somos chamados a libertar os homens da escravidão do mundo e do pecado através do senhorio de Cristo.
Em tempo algum o homem esteve tão longe de Deus como está agora. E isto acontece especialmente nos países que se dizem cristãos. Por isso, o Senhor deseja renovar a sua Igreja. Renovar a Igreja de Jesus Cristo não é construir uma Igreja nova, não é simplesmente buscar novidades, mas é dar a vida para que seus membros passem a viver a sua fé de um modo novo, possam aproximar-se do Pai por Cristo, num mesmo Espírito (cf. LG 4).

Para isso, Deus chama cada um dos cristãos a exercer um serviço específico (ou vários) dentro da Igreja, com a finalidade de edificar o seu Corpo e a sua Casa. Todos os homens necessitam ser "pastoreados" como templos do Espírito Santo, como filhos de Deus, de uma forma pessoal e particular, para que assim formados, santificados, congregados ao redor de Cristo, edifiquem o seu Corpo.

O Espírito está soprando de um modo novo, está atraindo pessoas e dando a elas coragem para assumir e testemunhar sua fé com um renovado ardor missionário. A RCC (Renovação Carismática Católica) é uma das grandes obras do Espírito para a Igreja e para o mundo de hoje. É, sem dúvida, uma manifestação sensível e concreta com a qual o Espírito Santo de Deus, de forma nova e fecunda, vem presenteando o mundo e a Igreja. Percebemos isso pelos frutos que podemos colher, como: a busca, por parte de milhares de cristãos, de uma experiência profunda com Deus, especialmente através da oração; o amor profundo à Sagrada Escritura, que não é só um livro para estudos e reflexão, mas fonte de oração e de vida; a importância de Nossa Senhora na vida dos cristãos; o apreço pela participação na vida da Igreja, na liturgia e nos trabalhos pastorais; a manifestação dos carismas do espírito de modo novo e atual; a comunhão profunda com a hierarquia da Igreja; a efetiva participação de tantos jovens, adultos e crianças nos grupos de oração e Encontros Evangelizadores e Formativos; a conversão contínua e o espírito ecumênico; o grande número de vocações sacerdotais e religiosas; o nascimento de inúmeras comunidades de vida e aliança, e tantos outros frutos maravilhosos. E aqui cito o nome do nosso grupo de oração, o Vida Nova q esse ano faz 20 anos d existência e de evangelização, sinal concreto do amor de DEUS para nossa paroquia.

Na RCC, popularizou-se o termo "ministério" com o termo "serviço". Portanto, ministério significa um serviço que prestamos para a edificação da Igreja. Quantos são os ministérios? Tantos quanto se fizerem necessários para a evangelização de toda a humanidade. Há na nossa paróquia toda uma gama de pastorais, de acordo com cada realidade. A Renovação, além de ser fortemente chamada a participar dos serviços pastorais, exerce ministérios característicos de sua espiritualidade, por exemplo aqui na nossa paroquia temos: o ministério de pregação, de intercessão, de música, de teatro, de dança, de acolhimento, para as crianças, de formação, das famílias, de comunicação, e outros que o Senhor queira inspirar. Foi o próprio Jesus que, vindo ao mundo, exerceu o maior de todos os serviços e instruiu os seus para abraçar o serviço ao Reino com generosidade, caridade e obediência.

Todos estes aspectos que foram esclarecidos acima são muito importantes, mas existe um aspecto que está acima de todos, que é o "sim" da nossa vida dado a Deus para ser canal de salvação para todos os homens. Não adianta de nada existirem os ministérios muito bem organizados se não houverem pessoas que queiram dar o seu tempo em serviço da salvação de Deus para os homens.

Precisamos assumir a mesma atitude de São Francisco de Assis,( né Grace, Edla, Elton e Reinan, cito essas pessoas por que assistimos o filme irmão Sol e irmã Lua) que teve uma profunda experiência com Deus e descobriu que Ele queria a reconstrução da sua Igreja. Claro que pensou, a princípio, que era para reconstruir algum Templo que estava danificado. Assim, dedicou alguns anos de sua vida à reforma da Igreja de S. Damião. Mas o que o Senhor queria dele ia muito além da reparação desse Templo. O Senhor queria usá-lo para uma radical reforma e renovação na sua Igreja. Da mesma forma que Deus usou São Francisco, Ele deseja usar cada cristão que abre o seu coração para fazer o mesmo pela sua Igreja, pois ela precisa de permanente renovação, de renovado ardor, da experiência com o Deus vivo.

São Francisco entregou-se de corpo e alma ao serviço do Evangelho. Desapegado das riquezas, das glórias humanas, colocou sua confiança unicamente em Deus. Viveu por Deus e para Deus. O Espírito, que fez de Francisco um homem novo, é o mesmo que nos transforma e nos torna discípulos verdadeiros de Jesus Cristo. Como discípulos, temos a mesma missão: anunciar o Evangelho de Cristo.

Ser servo é um chamado de Deus. É um dom de Deus. E, diante da situação que o mundo se encontra faz-se urgente a existência de inúmeros servos. Jesus ao ver a multidão, ficou cheio de compaixão porque ela estava enfraquecida e abatida como ovelhas sem pastor. Então disse aos discípulos: "A messe é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie operários para sua messe" (Mt 9,37-38). Messe é uma plantação pronta para ser colhida e que, se não o for no tempo certo, perde-se. Jesus compara os homens com a messe. Estes precisam receber logo a Palavra da salvação, caso contrário, perder-se-ão.

Aquele que teve uma experiência do Deus vivo, torna-se servo por graça. Dentro do seu coração nasce um anseio de levar o seu Senhor a todas as criaturas para tirá-las da escravidão do pecado e da morte. Não é servo por iniciativa própria, mas por graça, porque assim o Senhor lhe constituiu. Servo constituído pelo amor de Deus e cheio deste amor deseja servir, deseja ser canal da mesma graça que transformou sua vida para os seus irmãos. Não é simplesmente alguém que exerce um ministério como se exercesse um trabalho, uma função, mas alguém que antes de servir, ama e porque ama, serve.
Hoje contemplamos uma situação gravíssima, porque o número de pessoas que necessitam encontrar Jesus, que estão se perdendo, que estão sofrendo, é elevado demais, no entanto o número de servos comprometidos, que não medem esforços, tempo, trabalho, amor é muito insignificante. Acreditamos que é preciso suplicar ao Pai da messe, como fez Jesus, que envie operários para a sua messe, mas também precisamos abrir nossos ouvidos para escutarmos a voz de Deus que chama milhares de filhos seus a doarem as suas vidas e a serem testemunhas do Amor, para que assim, o mundo encontre a verdadeira paz.
DEUS abençoe a todos!!!!

Renato Alves
Ministro da Comunicação do Grupo de Oração Vida Nova

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Parabéns pra você!

 O parabéns de hoje é muito especial, pois é pra uma pessoa muito especial pra mim, não só por ser meu coordenador também, mas por ser um grande amigo e um grande esposo né Alda? kkkkk e um grande pai!!!
Parabéns Franklin!!

Hoje é  um momento especial de renovação para sua alma e seu espírito, porque Deus, na sua infinita sabedoria, deu à natureza, a capacidade de desabrochar a cada nova estação e a nós capacidade de recomeçar a cada ano. 
Desejo a você, um ano cheio de amor e de alegrias. 
Afinal fazer aniversário é ter a chance de fazer novos amigos, ajudar mais pessoas, aprender e ensinar novas lições, vivenciar outras dores e suportar velhos problemas. 
Sorrir novos motivos e chorar outros, porque, amar o próximo é dar mais amparo, rezar mais preces e agradecer mais vezes. 
Fazer Aniversário é amadurecer um pouco mais e olhar a vida como uma dádiva de Deus. 
É ser grato, reconhecido, forte, destemido. 
É ser rima, é ser verso, é ver Deus no universo; 
Parabéns a você nesse dia tão grandioso.

DEUS abençoe! ASS: Renato seu ministro da comunicação kkkkkkkkkk nem me axei agora kkkkk

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A Arte de Se Comunicar



    Logo que vemos esse título, podemos nos fazer a seguinte pergunta: “E se comunicar com alguém é arte???” Para responder a esse questionamento, vejamos uma definição da palavra arte, trazida pelo dicionário Larousse, que diz que ela significa “capricho na elaboração de algo”. Então aí está o segredo da comunicação, tratá-la como uma arte, tendo o maior zelo possível ao elaborar nossa forma de se comunicar nas mais diversas situações.
    Um dos princípios que mais devem ser levados em conta na comunicação (seja ela visual ou auditiva) é se expressar sempre com o coração, pois é nele que o Senhor mora e o Espírito Santo age em nossas vidas, então se queremos nos comunicar de forma autêntica e verdadeira, é preciso sim usar nossa racionalidade, mas sem esquecer da importância fundamental que trazem as palavras que brotam do coração. Como exemplo claro disso podemos perceber em Mc 6, 1-3 que enquanto Jesus ensinava na sinagoga de sua terra natal, todos ficaram admirados com tamanha sabedoria e com os milagres que Ele realizava, pois sabiam que Ele era filho de um carpinteiro e conheciam a sua família. Mas eles não entendiam o que era mais importante: Jesus fazia tudo aquilo pelo Amor que Ele trazia no coração por cada um dos seus filhos, e se no Seu coração só existia Amor, as palavras que Ele dizia eram Amor.
    Outra condição fundamental para que aconteça uma boa comunicação é saber modificar a nossa linguagem de acordo com a situação em que nos encontramos, isso sem deixar de lado a nossa identidade e o nosso objetivo, que é levar a Boa Nova a todas as pessoas. Se estamos falando com crianças, que possamos usar uma linguagem simples e acessível ao seu entendimento, se forem jovens, que sejamos mais espontâneos e os levemos a refletir sobre os caminhos que a vida oferece, e assim sucessivamente, de acordo com cada idade e realidade que estivermos em contato. Para que esse molde de nossa linguagem não seja vazio e não perca o sentido primordial da nossa comunicação, que é conduzir as pessoas ao Amor, é preciso também o auxílio do Espírito Santo, pois só Ele sabe a maneira certa de se expressar em qualquer situação. Para ilustrar esse momento podemos lembrar de Mc 1, 21-22 onde todos em Cafarnaum se maravilhavam com os ensinamentos de Jesus, pois Ele ensinava de um modo diferente dos escribas. Certamente um dos fatores que fazia com que Jesus atraísse a atenção das pessoas era a sua linguagem simples, falando de acordo com a cultura da época, pois os escribas deviam usar uma linguagem muito difícil para o entendimento do povo, para mostrar a sua superioridade intelectual diante de todos.
    Em resumo, se soubermos falar com o coração e de acordo com a realidade na qual estivermos inseridos, o efeito causado pela nossa comunicação será bem maior e outros corações serão alcançados e poderão sentir esse infinito Amor que tanto queremos transmitir a todos que nos rodeiam. Que possamos refletir e melhorar a nossa comunicação na nossa família, na nossa escola, no nosso trabalho e em qualquer lugar que o Senhor nos chamar a estar para evangelizar com nosso testemunho de vida!!! 

Por Emílio Junior
Membro do Grupo de Oração Vida Nova
Deus abençoe a todos!!

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Pastor Bonus



“Vamos a outras partes, às aldeias vizinhas, para que eu pregue ali também”
(Mt. 11, 27)



Caríssimos irmãos




Meditamos hoje na primeira leitura um trecho do livro de Jó. Jó é um verdadeiro exemplo de paciência de confiança em Deus. Mesmo em meio a dor e sofrimento permanece fiel ao Senhor teu Deus e não deixa que nada de mal lhe separe do seu Senhor. O lamento que Jó faz nestes versículos é uma realidade de muitos irmãos e irmãs de hoje. Pessoas que são tomadas pela dor, pela miséria, “assim se me deram como herança meses de ilusão, e noites de aflição se me ordenaram” (Jó. 7, 3). Noite sem sono e dias intermináveis que vivem milhares de irmãos nossos espalhados em todo mundo, “Mas comprida é a noite, e pensamentos loucos invadem-me até ao crepúsculo” (Jó. 7, 4). Pessoas que precisam da nossa presença, de uma palavra de conforto e sobre tudo, de nossa a ajuda. Precisamos ir ao encontro destes nossos irmãos e mostrar a eles a face de Cristo que acolhe, dar conforto e restaura as forças daqueles que estão fadigados da caminhada.

É missão de todo cristão levar a toda a terra a boa nova do Evangelho. A pregação do Evangelho não se dá apenas por palavras, podemos falar de Jesus com nossas própria vida. Ser discípulo é fazer aquilo que faz seu mestre, é reproduzir na própria vida o modo de vida do mestre. Era isso que fazia os primeiros cristãos, viviam entre si o amor, repartiam seus bens, cuidava dos doentes e ajudavam os necessitados (Cf. At. 2, 42-47). Se fizermos deste modo Cristo será conhecido por onde andarmos. Na segunda Leitura de hoje Paulo nos fala da grande necessidade de Evangelizar, “anunciar o evangelho, não é titulo de gloriar para mim: é, antes,necessidade que se me impõe. ai de mim, se não anunciar o evangelho!” (1Cor. 9, 16). Paulo mostra que a evangelização deve ser a meta de todo cristão batizado. Que as vezes é preciso se fazer servo com os servos, fraco com os fracos e se colocar a serviço de todos para ganhar todos para Deus, “Pois, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos para ganhar o maior número possível: Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns a todo custo” (1Cor. 9, 19-22). O Apostolo nos diz que toda nossa vida deve ser um serviço de amor a Jesus e seu Evangelho, “Ora, tudo faço por causa do evangelho, para dele tornar-me co-participante” (1Cor. 9, 23).

Falávamos da necessidade da evangelização dos povos e do modo como podemos evangelizar com a nossa vida, tendo os mesmos sentimentos de Cristo e vivendo como Ele viveu. No Evangelho deste domingo, São Marcos nos fala da cura da sogra de Pedro, da pregação e das curas que Jesus realizou. É importante notar nesta passagem do Evangelho, que é sempre Jesus que vai ao encontro de quem necessita de ajuda. Primeiro a sogra de Pedro, “Então Jesus, aproximando-se a tomou pela mão, e a fez levantar-se; a febre a deixou, e ela os servia” (Mc. 1, 30). Marcos nos fala que Jesus aproximou-se do leito onde ela estava e a curou. Nos versículos seguintes o evangelista não economiza palavra em dizer que Cristo se colocou a disposição durante toda a tarde curando os doentes e expulsando os demônios de todos que a Ele se achegavam (Cf. Mc. 1, 32-34).

Em um segundo momento São Marcos nos diz que, Cristo saiu no dia seguinte logos sedo a um lugar deserto para rezar, “De madrugada, estando ainda escuro, levantou-se e retirou-se para um lugar deserto e ali orava” (Mc. 1, 30). É belo este gesto de Jesus, mesmo em meio a tantos afazeres e cansaço, não esquece um só momento do Pai. Quer dividir com Ele seu cansaço, sua alegria, seus projetos. Imaginemos por um instante o assunto que Cristo falava com Deus. Com certeza falava de como foi seu dia, das pessoas que encontrou, dos anseios do povo, de suas necessidades e dos seus discípulos. O dialogo entre Jesus e seu Pai era um dialogo de amor, de confiança. Deus ouvia-o e atendia seus pedidos, consolava e confortava-o. Existia uma grande intimidade entre os dois, o Pai lhe conhecia e Jesus conhecia o Pai. De fato é o próprio Jesus que diz “ninguém conhece plenamente o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece plenamente o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt. 11, 27). Com este gesto Cristo quer mostrar-nos que é preciso está sempre unido ao Pai, buscar sempre conversar com Ele, depositar Nele toda a nossa confiança e nossos projetos.

Ao fim do Evangelho Jesus revela a seus discípulos a universalidade de sua missão. Ele abre seus horizontes, eles pensavam só na necessidade do povo daquele vilarejo. Jesus diz que deve levar a Boa Nova do Reino aos outros povos, não pode permanecer só naquele povoado, “disse-lhes Jesus: Vamos a outras partes, às aldeias vizinhas, para que eu pregue ali também; pois para isso é que vim” (Mc. 1, 38). Mais uma vez encontramos com Jesus que vai ao encontro dos necessitados de sua palavra. Ele é o Bom Pastor que dar a sua vida por suas ovelhas “animam meam pono pro ovibus” (Jo. 10,14). Não se contenta com as noventa e nove, vai atrás da desgarrada, da ovelha que precisa de seus cuidados (Cf. Lc. 15, 4-5). Meus Irmãos, são atitudes como estas de Cristo que devemos tomar diante da nossa sociedade. O nosso coração deve guardar os mesmos sentimentos do coração do nosso Mestre.

Na nossa sociedade, existem muitas pessoas que ainda não conhece a Deus, que precisam ouvir as palavras de Nosso Senhor, entretanto, não tem ninguém que leve a eles a Boa Nova do Reino de Deus. É preciso nos colocar a caminho, ser fazer discípulos e missionários da palavra, evangelizar com nossas palavras e sobretudo, com nossas vida. Durante esta semana, façamos o propósito que meditar a Palavra de Deus. De levá-la a quem ainda não a conhece. De começar evangelizando os mais próximos, nossos parentes, vizinhos e amigos. Peçamos a Maria Santíssima que venha nos ajudar nesta nossa missão de anunciadores do Evangelho. Nossa Senhora da Luz, iluminai os nossos passos. Amém.


Roma, 05 de fevereiro, 5° Domingo do Tempo Comum, do ano do Senhor de 2012.



Seminarista Acival Vidal de Oliveira
Diocese da Estância – SE/Brasil