domingo, 6 de maio de 2012

V Domingo da Páscoa


Caríssimos irmãos,


No Evangelho que meditamos neste domingo, o Senhor se coloca como a verdadeira videira e nós como seus ramos, “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo. 15, 1). O convite que Cristo nos faz neste dia é o de permanecer em seu amor, isto é, unido a Ele, tronco vivo que possibilita-nos uma vida frutuosa. É esta união ao Senhor que nos torna aptos para produzir frutos, “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira” (Jo. 15, 4). De fato, se somos ramos e estamos destacados da videira, do tronco não seremos capazes de produzir frutos ou ao menos sobreviver. A nossa vida de fé deve ser alimentada pela “seiva” do amor de Cristo Jesus verdadeira videira. “Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira; vós, os ramos” (Jo. 15, 4-5).
Santo Agostinho interpreta esta passagem do Evangelho de São João, que fala da videira e dos ramos, como a união que existe entre Cristo e a Igreja. Assim como o tronco e os ramos da videira torna-se uma só coisa, isto é, uma só árvore, Cristo (cabeça) e a Igreja seu corpo torna-se uma “coisa” só. Não se pode conceber uma Igreja sem Cristo ou um Cristão (membro do corpo de Cristo) distante da Igreja e de Cristo cabeça. É preciso que exista uma união entre Cristo (cabeça da Igreja e tronco da videira) e nós que fazemos parte da sua Igreja (membros do corpo, os ramos). Esta interpretação é maravilhosa, ressalta a união que se deve haver entre os cristãos, Cristo e a Igreja. É só assim que produziremos muitos frutos em meio à sociedade.
Atualmente, deparamo-nos com cristãos cansados, desencorajados e descrentes dessa união entre os fieis que formam a Igreja. Esta situação leva muitos membros da Igreja de Jesus a abandonar seus atos de piedade ou de frequentar as celebrações litúrgicas e a vida comunitária. As palavras de Cristo Jesus devem ressoar mais forte do que nossas decepções e sentimentos. O fato de alguns dos membros (ramos) não produzirem frutos, não nos dar o direito de afastar-nos de Cristo e sua Igreja, porque se fizermos dessa forma, também destacamo-nos da videira que é Cristo, “Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não permanecer em mim será lançado fora, como o ramo” (Jo. 15, 5-6). É necessário estarmos unidos a Jesus para que a nossa vida seja um verdadeiro ato de louvor a Deus e assim produza frutos de amor que transforma, perdoa e fortalece os outros irmãos que encontramos no caminho, “Nisto é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos” (Jo. 15, 8). O segredo para realizar estas coisas é esta junto a Cristo, com os olhos fixos no seu Sagrado Coração. Desta forma, nada nem ninguém poderá afastar-nos de uma vida santa (unida à videira que é Cristo) e frutuosa.
Na segunda leitura deste dia, São João nos exorta a ter uma confiança inabalável em Deus. Se cumprirmos seus mandamentos, isto é, fazermos sua vontade nos será dado tudo aquilo que precisamos “Caríssimos, temos confiança diante de Deus, e tudo o que lhe pedirmos, receberemos dele porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é agradável a seus olhos” (1Jo. 3, 21-22). O Senhor nos conhece e sabe do que necessitamos, estar sempre disposto a dar-nos aquilo que nos fará cresce na vida de santidade. É seguindo a sua Palavra que mantemo-nos unidos à videira. É fazendo a sua vontade, seguindo os ensinamentos do seu Filho Jesus que seremos ramos que produzem bons frutos, “Eis o seu mandamento: que creiamos no nome do seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, como ele nos mandou. Quem observa os seus mandamentos permanece em Deus e Deus nele.” (1Jo 3, 23-24). O amor é o motor que impulsionar o homem a fazer o bem e agir conforme a vontade de Deus, pois Deus é amor e se estamos unidos a Ele, nossos atos nada mais é do que um reflexo deste amor que age em nós.
Diante de tantas crises de fé e de contra testemunho corremos o risco de deixar-nos levar pela desilusão e afastar-nos da videira que é Cristo. Não podemos deixar que alguns ramos, que já estão secos, interfiram na nossa união e intimidade com Cristo. Ao contrário, devemos mostrar-nos fortes e mais unidos para que nossos frutos saciem a fome de Deus que tem a nossa sociedade. É com nossa vida que daremos ao mundo o testemunho de que Deus estar conosco e com Ele podemos fazer maravilhas. O brilho das nossas folhas deve atrair mais que o mau exemplo daqueles ramos que se deligaram do tronco. É preciso por meio de nossos atos, gritar ao mundo que podemos viver santamente, resplandecendo na nossa vida a luz do Cristo. É Ele a nossa força, nosso alimento e sem Ele não produziremos fruto algum, O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira... Eu sou a videira; vós, os ramos. Uma sociedade sem Deus é uma sociedade seca, sem vida, sem nenhuma serventia. É preciso atacar-nos a Cristo para poder florescer e produzir os frutos da justiça e do amor.
Caríssimos! Em Cristo somos filhos amados de Deus, fazemos parte do seu Corpo Místico, isto é, a Igreja. Devemos cultivar a vida de santidade que já a temos em Cristo. Quando nos afastamos de Jesus e do seu corpo (a Igreja), nos distanciamos da graça e do Céu. Deus quer que sejamos santos, para isso enviou seu Filho, para que todos os que crerem nele não pereça, mas tenham a vida eterna. É seguindo o exemplo de Cristo que seremos santos; sendo pobres de espírito, mansos, humildes e misericordiosos que alcançaremos o Reino dos Céus. “Quem me segue não anda nas trevas, diz o Senhor” (Jo 8,12). Sabemos que sozinhos, por nossas próprias forças, não podemos praticar perfeitamente estas virtudes, já que somos humanos e débeis. Contudo, com a força da graça de Deus que age em nós podemos tornar possível tudo o que aos olhos humanos é impossível. Peçamos então a Deus nosso Pai, “Sanctus Sanctorum” (o Santo dos santos) que nos mostre como podemos permanecer unidos a seu Filho verdadeira videira e trilharmos passo a passo o caminho que nos leva ao seu Coração. Que Maria Santíssima, que sempre fez a vontade de Deus e que com seu Fiat nos deu Cristo Jesus, possa interceder junto a seu Filho por nós e ajude-nos nesta caminhada. Maria Mãe de Deus e nossa, rogai por nós. Amém.


Roma, 06 de maio, 5° Domingo da Páscoa, do ano do Senhor de 2012



Acival Vidal de Oliveira
Diocese de Estancia-Se
Brasil

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