Caríssimos irmãos,
No
Evangelho que meditamos neste domingo, o Senhor se coloca como a verdadeira
videira e nós como seus ramos, “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo. 15, 1). O convite que Cristo nos faz neste
dia é o de permanecer em seu amor, isto é, unido a Ele, tronco vivo que possibilita-nos
uma vida frutuosa. É esta união ao Senhor que nos torna aptos para produzir
frutos, “Permanecei em mim e
eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não
permanecer na videira” (Jo. 15, 4). De
fato, se somos ramos e estamos destacados da videira, do tronco não seremos capazes
de produzir frutos ou ao menos sobreviver. A nossa vida de fé deve ser alimentada
pela “seiva” do amor de Cristo Jesus verdadeira videira. “Assim também vós: não podeis tampouco
dar fruto, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira; vós, os ramos” (Jo. 15, 4-5).
Santo
Agostinho interpreta esta passagem do Evangelho de São João, que fala da
videira e dos ramos, como a união que existe entre Cristo e a Igreja. Assim
como o tronco e os ramos da videira torna-se uma só coisa, isto é, uma só
árvore, Cristo (cabeça) e a Igreja seu corpo torna-se uma “coisa” só. Não se
pode conceber uma Igreja sem Cristo ou um Cristão (membro do corpo de Cristo)
distante da Igreja e de Cristo cabeça. É preciso que exista uma união entre
Cristo (cabeça da Igreja e tronco da videira) e nós que fazemos parte da sua
Igreja (membros do corpo, os ramos). Esta interpretação é maravilhosa, ressalta
a união que se deve haver entre os cristãos, Cristo e a Igreja. É só assim que
produziremos muitos frutos em meio à sociedade.
Atualmente,
deparamo-nos com cristãos cansados, desencorajados e descrentes dessa união entre
os fieis que formam a Igreja. Esta situação leva muitos membros da Igreja de
Jesus a abandonar seus atos de piedade ou de frequentar as celebrações
litúrgicas e a vida comunitária. As palavras de Cristo Jesus devem ressoar mais
forte do que nossas decepções e sentimentos. O fato de alguns dos membros (ramos)
não produzirem frutos, não nos dar o direito de afastar-nos de Cristo e sua
Igreja, porque se fizermos dessa forma, também destacamo-nos da videira que é
Cristo, “Quem permanecer em
mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém
não permanecer em mim será lançado fora, como o ramo” (Jo. 15, 5-6). É necessário estarmos unidos a
Jesus para que a nossa vida seja um verdadeiro ato de louvor a Deus e assim
produza frutos de amor que transforma, perdoa e fortalece os outros irmãos que
encontramos no caminho, “Nisto é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis
meus discípulos” (Jo. 15, 8). O
segredo para realizar estas coisas é esta junto a Cristo, com os olhos fixos no
seu Sagrado Coração. Desta forma, nada nem ninguém poderá afastar-nos de uma
vida santa (unida à videira que é Cristo) e frutuosa.
Na
segunda leitura deste dia, São João nos exorta a ter uma confiança inabalável
em Deus. Se cumprirmos seus mandamentos, isto é, fazermos sua vontade nos será
dado tudo aquilo que precisamos “Caríssimos, temos confiança diante de Deus, e tudo o que lhe pedirmos,
receberemos dele porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é
agradável a seus olhos” (1Jo. 3,
21-22). O Senhor nos conhece e sabe do que necessitamos, estar sempre disposto
a dar-nos aquilo que nos fará cresce na vida de santidade. É seguindo a sua
Palavra que mantemo-nos unidos à videira. É fazendo a sua vontade, seguindo os
ensinamentos do seu Filho Jesus que seremos ramos que produzem bons frutos, “Eis o seu mandamento: que creiamos no
nome do seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, como ele nos
mandou. Quem observa os seus mandamentos permanece em Deus e Deus nele.” (1Jo 3, 23-24). O amor é o motor que impulsionar o
homem a fazer o bem e agir conforme a vontade de Deus, pois Deus é amor
e se estamos unidos a Ele, nossos atos nada mais é do que um reflexo deste amor
que age em nós.
Diante
de tantas crises de fé e de contra testemunho corremos o risco de deixar-nos
levar pela desilusão e afastar-nos da videira
que é Cristo. Não podemos deixar que alguns ramos, que já estão secos,
interfiram na nossa união e intimidade com Cristo. Ao contrário, devemos
mostrar-nos fortes e mais unidos para que nossos frutos saciem a fome de Deus
que tem a nossa sociedade. É com nossa vida que daremos ao mundo o testemunho
de que Deus estar conosco e com Ele podemos fazer maravilhas. O brilho das
nossas folhas deve atrair mais que o mau exemplo daqueles ramos que se
deligaram do tronco. É preciso por meio de nossos atos, gritar ao mundo que
podemos viver santamente, resplandecendo na nossa vida a luz do Cristo. É Ele a
nossa força, nosso alimento e sem Ele não produziremos fruto algum, O ramo não pode dar fruto por si mesmo,
se não permanecer na videira... Eu sou a videira; vós, os ramos. Uma sociedade sem Deus é uma sociedade seca, sem vida, sem nenhuma
serventia. É preciso atacar-nos a Cristo para poder florescer e produzir os
frutos da justiça e do amor.
Caríssimos! Em Cristo somos
filhos amados de Deus, fazemos parte do seu Corpo Místico, isto é, a Igreja. Devemos
cultivar a vida de santidade que já a temos em Cristo. Quando nos afastamos de Jesus
e do seu corpo (a Igreja), nos
distanciamos da graça e do Céu. Deus quer que sejamos santos, para isso enviou seu
Filho, para que todos os que crerem nele
não pereça, mas tenham a vida eterna. É seguindo o exemplo de Cristo que
seremos santos; sendo pobres de espírito, mansos, humildes e misericordiosos
que alcançaremos o Reino dos Céus. “Quem
me segue não anda nas trevas, diz o Senhor” (Jo 8,12). Sabemos que sozinhos, por nossas próprias forças, não podemos
praticar perfeitamente estas virtudes, já que somos humanos e débeis. Contudo,
com a força da graça de Deus que age em nós podemos tornar possível tudo o que
aos olhos humanos é impossível. Peçamos então a Deus
nosso Pai, “Sanctus Sanctorum” (o
Santo dos santos) que nos mostre como podemos permanecer unidos a seu Filho
verdadeira videira e trilharmos passo a passo o caminho que nos leva ao seu
Coração. Que Maria Santíssima, que sempre fez a vontade de Deus e que com seu Fiat
nos deu Cristo Jesus, possa interceder junto a seu Filho por nós e ajude-nos
nesta caminhada. Maria Mãe de Deus e nossa, rogai por nós. Amém.
Acival Vidal de Oliveira
Diocese de Estancia-Se
Brasil
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