sábado, 3 de março de 2012

II- Domingo da Quaresma

Este é o meu Filho amado; ouvi-o”
 (Mc. 9, 7)

Caríssimos,

O evangelho deste domingo nos transporta, junto aos discípulos, a uma alta montanha onde Jesus se transfigura, “ali foi transfigurado diante deles; as suas vestes tornaram-se resplandecentes, extremamente brancas, tais como nenhum lavandeiro sobre a terra as poderia alvejar” (Mc. 9, 2-3). Marcos apresenta-nos este episódio nos mínimos detalhes. Fala da nuvem, da luz, dos profetas e da voz. “Nisto veio uma nuvem que os cobriu, e dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado; ouvi-o” (Mc. 9, 7), A nuvem que aparece sobre o monte e cobre os discípulos com sua sombra invoca o livro do Êxodo 40, 35-39, onde a “nuvem” era sinal da Glória de Deus que cobria a tenda do Senhor e protegia o povo do calor do deserto. A voz, que ouve os discípulos no monte Tabor, confirma a profissão de fé de Pedro (Cf. Mt. 16,16), Jesus é o Filho de Deus feito homem. Este acontecimento (da transfiguração) estar ligado também ao batismo de Jesus, o que diferencia é que no batismo, a voz que sai da nuvem se dirige apenas a Jesus, já na transfiguração a voz fala aos três discípulos ai presente. Jesus é apresentado como o novo Moises, “os levou... a um lugar retirado, sobre uma alta montanha” (Mc. 9, 2).
Jesus não refuta a Lei de Moisés, mas o legalismo e a interpretação limitada dos homens. Refutou a interpretação da Lei, mas a elevou, plenificou, completou com seus ensinamentos a própria Lei. Jesus levou a Revelação a pleno cumprimento, deu novos conteúdos, corrigiu, explicou: “Moisés disse, eu, porém vos digo...” (Cf. Mc 10,1-12), isto é, Jesus plenifica o ensinamento de Moisés, mas acrescentando, corrigindo, explicando, dando novo sentido. Ele é a plenitude da Lei, ao contrário de Moises não tem apenas o rosto iluminado quando esta no monte, mas todo o corpo, porque Ele é Deus. Não recebe a Lei em tabuas de Pedras porque Ele próprio é o Logos, isto é, o Verbo de Deus. É em Jesus que toda Lei se completa, “e lhe apareceram Elias com Moisés, conversando com Jesus” (Mc. 9, 4), Elias e Moises representam o Antigo Testamento que agora dar espaço a Jesus, Verbo eterno do Pai, onde se resume toda Lei e os profetas.
A liturgia deste dia traz na primeira leitura o sacrifício de Abraão. Abraão é um homem escolhido por Deus em favor de toda a humanidade. É pela confiança no Senhor que ele deixa a família e sua terra natal para seguir a voz do Senhor. A promessa que o Senhor lhe faz é que sua descendência seria grande. Ao longo de sua história, Abraão por diversas vezes provou ao Senhor teu Deus a sua fidelidade e amor, mas Deus lhe faz um ultimo pedido. O pedido do Senhor a Abraão era que oferecesse em sacrifício seu único filho, “Toma agora teu filho; o teu único filho, Isaac, a quem amas; vai à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre um dos montes que te hei de mostrar” (Gn. 22, 2). O sacrifício de Isaac é uma clara imagem do sacrifício de Cristo. Assim como Abraão vai oferecer o seu único filho em sacrifício, Deus oferece o seu único Filho Jesus em sacrífico. A diferença é que no caso do Calvário Jesus o unigênito de Deus não foi poupado como foi Isaac. São Paulo vai nos dizer na segunda leitura de hoje que “Deus nem mesmo a seu próprio Filho poupou” (Cf. Rm. 8, 32). Diante da pergunta do filho, responde Abraão: “Deus mesmo proverá a vítima” (Gn. 22, 8). Deus proveu a verdadeira vítima, seu Filho Jesus, que também carregou o madeiro da cruz (assim como Isaac carregou sobre os ombros a lenha para o sacrifício) no qual padeceu por todos como oferta agradável ao Senhor.
Assim como os discípulos, somos convidados a dar testemunho de Jesus ao mundo ferido pelo pecado. Precisamos ser fortes, anunciar que Jesus morreu para nos salvar, mais ressuscitou, “Cristo Jesus é quem morreu, ou antes, quem ressurgiu dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós” (Rm. 8, 34). Venceu todo o mal, as trevas do pecado e da morte. Em Cristo somos mais que vencedores, pois “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm. 8, 31). Por isso, devemos ser sempre confiantes e não nos deixarmos abater por nenhuma espécie de decepção. Peçamos a Maria Santíssima que venha em nosso auxilio para nos mostrar Jesus, Luz que ilumina toda treva do pecado. Maria, Mãe dos pecadores, rogai por nós. Amém.


Roma, 04 de março, 2° Domingo da Quaresma, do ano do Senhor de 2012.



Seminarista Acival Vidal de Oliveira
Diocese da Estância – SE/Brasil

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