domingo, 18 de março de 2012

IV Domingo da Quaresma

Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça
(Jo. 3, 16)

Amados Irmãos,

Aproximamo-nos cada vez mais da semana santa, tempo que meditaremos mais profundamente a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, centro da mensagem do Kerigma pregado pelos Apóstolos as primeiras comunidades. A liturgia deste domingo convida-nos a elevar o nosso olhar a Cristo Jesus, fonte de salvação de toda humanidade. A primeira leitura, que meditamos neste dia, faz alusão a infidelidade do povo de Israel. Este povo escolhido por Deus junto aos seus sacerdotes, mancharam o Templo do Senhor e transgrediram sua lei oferecendo sacrifícios aos ídolos como fazia os pagãos de sua época (Cf. 2Cr. 36, 14). É a infidelidade a Deus (a idolatria) que foi denunciada insistentemente pelos profetas. O Senhor Deus em sua imensa misericórdia envia seus mensageiros, isto é, os profetas para advertir aquele povo de coração transviado dos seus erros, entretanto, a estes, Israel não quis ouvir, “eles zombavam de seus enviados, desprezavam seus conselhos e riam de seus profetas, até que a ira de Deus se desencadeou sobre o seu povo, e não houve mais remédio” (2Cr. 36, 16).
O sofrimento que passa o povo de Israel após estes acontecimentos não é um castigo de Deus ou manifestação de sua ira, porque se pensássemos desta forma estaríamos negando o que nos diz São João, “Deus é AMOR” (1Jo. 4, 8). Onde existe o amor, não há espaço para o ódio, a raiva ou sentimento de vingança. É por ser AMOR e amar o homem que Deus não castiga ou faz sofrer seus amados. O que aconteceu com Israel, a sua ruina é apenas consequência do seu pecado e de suas más escolhas. É o pecado (que é uma escolha por um bem menor e negação da vontade de Deus) que distancia o homem de Deus e consequentemente do bem. O Senhor não quer ver seu povo padecer, por isso envia seus profetas para advertir dos perigos que corre quem se extravia do caminho do bem. Mas a voz do Senhor nem sempre é ouvida, “Em vão o Senhor, Deus de seus pais, lhes tinha enviado, por meio de seus mensageiros, avisos sobre avisos, pois tinha compaixão de seu povo e de sua própria habitação” (2Cr. 36, 15), o povo trocou seu único Deus por ídolos e sua ruina foi catastrófica.
Durante toda a História da Salvação encontramos Deus que vem ao encontro do seu povo, que ama e protege-o. Contudo, nem sempre este povo aceita o Senhor ou permanece próximo a Ele. Por diversas vezes o “Povo de Deus” afastou-se do Senhor e optaram por caminhos diversos ao caminho por Ele indicado. A humanidade desde Adão e Eva, extraviou-se do caminho seguro, com o seu não a Deus criou um abismo que não permite aproximar-se do seu criador, isto é, voltar a ter uma intimidade de amor com teu Senhor. De fato, somos incapazes de com nossas próprias forças reestabelecer nossa união com Deus. É por isso que São Paulo, na Segunda leitura deste dia diz a comunidade de Efésio, “Deus, que é rico em misericórdia, impulsionado pelo grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos em consequência de nossos pecados, deu-nos a vida juntamente com Cristo - é por graça que fostes salvos!” (Ef. 2, 4-5). É bela esta imagem que apresenta-nos Paulo; Deus que vem ao encontro do homem, que esta como que morto, por causa do pecado e o resgata para perto do seu coração. O Senhor por meio do seu Filho, Cristo Jesus se faz pequeno, nos visita e nos eleva a grandeza do seu amor por meio da sua graça. Assim, Cristo Jesus mediante a sua Paixão reata a nossa união com o Pai perdida desde o pecado de Adão.
São João, no Evangelho de hoje, descreve o encontro que tem Jesus com Nicodemos. Jesus fala a Nicodemos sobre o verdadeiro batismo, do Espírito que faz o homem nascer de novo, ou seja, da necessidade da conversão do coração, do renascer na graça (Cf. Jo. 3,1-3). Mas não basta apenas converte-se, é preciso que a conversão gere uma mudança radical de vida “é necessário nascer de novo”, olhar a Cristo, a sua vida e segui-Lo. “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem, para que todo homem que nele crer tenha a vida eterna” (Jo. 3, 14-15), Ao falar com Nicodemos, Jesus compara a serpente que Moises elevou sobre um haste, para salvar aqueles que eram picados pelas cobras no deserto, com o Filho do Homem (Cristo que será elevado na cruz). É olhando a Jesus Cristo suspenso no madeiro da Cruz que todo aquele que se encontra ferido de morte, por causa do pecado, alcança a salvação.
O homem para ser salvo, precisa apenas crê em Cristo Jesus e seguir seus preceitos “Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo. 3, 16). Falávamos no inicio que o homem ao pecar contra Deus torna-se impotente, que precisa da graça divina para vencer o mal (o pecado) e voltar à união com o Senhor. A graça é uma manifestação do amor de Deus que em seu amor imenso vem em auxilio da fraqueza humana. É esta graça que dar ao homem força para prosseguir em sua caminhada “Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça”. Todo aquele que confia em Jesus e permite que Ele transforme seu coração, tem sua vida renovada e é chamado a vir à luz “Mas aquele que pratica a verdade, vem para a luz. Torna-se assim claro que as suas obras são feitas em Deus” (Jo. 3, 21). É deixando-nos ser iluminados pela Luz que é Cristo que afastamo-nos das trevas do pecado e da morte.
Amados irmãos, Eis o tempo de conversão! Eis o dia da Salvação! Já dizia um belíssimo cântico do tempo da quaresma. O tempo é agora, o Senhor nos convida a olharmos a seu Filho Jesus suspenso no haste da Cruz, sinal do seu imenso amor por nós. É Cristo que cura nossas feridas, que nos torna herdeiros da graça. Durante esta semana busquemos fixar nosso olhar em Jesus, reconhecer que estamos feridos pelo pecado e que precisamos aproximar-nos do seu amor, pois só Ele pode nos curar. Peçamos a Maria Santíssima, ela que estar sempre diante do seu Filho Jesus, que estava aos pés da Cruz no dia da sua Paixão a testemunhar seu amor por nós, que ela mostre-nos teu amado Filho e que possa nos proteger com seu amor de Mãe. Maria Consoladora dos aflitos, rogai por nós. Amém.


Roma, 17 de março, 4° Domingo da Quaresma, do ano do Senhor de 2012.



Seminarista Acival Vidal de Oliveira
Diocese da Estância – SE/Brasil

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