quarta-feira, 18 de abril de 2012

II Domingo da Páscoa



Felizes aqueles que creem sem ter visto!

(Jo. 20, 29)

Queridos irmãos,


Depois dos quarenta dias da quaresma, tempo de arrependimento e penitência, a Igreja nos convida a alegra-nos, porque o Senhor ressuscitou! Durante estes últimos oito dias celebrávamos a oitava de pascoa, onde meditamos uma série de leituras que nos relatava as aparições de Jesus a algumas mulheres (Maria Madalena) e aos discípulos. O nosso coração deve alegrar-se, já que a promessa foi cumprida, Deus nosso Pai por meio do sacrifício de seu amado Filho Jesus Cristo libertou-nos da prisão da morte e do pecado. Era essa boa nova que os Apóstolos anunciavam a todos os judeus, “Com grande coragem os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus” (At. 4, 33), tentavam mostrar que tudo o que aconteceu com Jesus foi para cumprir as escrituras, que o Nazareno não estava morto, tinha ressuscitado e com seu sangue versado sobre a cruz purificou-nos dos nossos pecados.
Na primeira leitura de hoje Lucas nos fala de como era a vida das primeiras comunidades cristãs, “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era comum” (At. 4, 32). O sacrifício da Cruz é um sacrifício de amor, é a prova de amor de Deus para com o homem. A Igreja (das primeiras comunidades) nasce neste contexto de amor. Do lado aberto do Salvador jorra sangue e água, os Padres viam ai à imagem dos Sacramentos do Batismo e da Eucaristia. As primeiras comunidades eram alimentadas pela a Eucaristia (o Sangue de Cisto), Sacramento do Amor e purificada pela água do batismo que implicava em uma mudança radical de vida, uma vida baseada na lei da caridade, do amor aos irmãos assim como fez o Mestre (Jesus), não mais baseada só na lei mosaica. Era essa caridade que impulsionava os primeiros Cristãos a viverem a partilha. Eles repartiam seus bens com os mais necessitados de modo que todos eram iguais (Cf. At. 4, 34-35).
É neste discurso sobre o amor que São João escreve a sua primeira carta. Para João “Deus caritas est”, isto é, Deus é amor, é caridade e quem tem uma experiência de Deus é tocado e transformado por este amor que o impulsiona a amar os que estão ao seu redor. Assim, todo aquele que se converte, muda de vida e reconhece Cristo como o Salvador torna-se filho no Filho. Em Cristo somos todos irmãos, a Igreja é uma casa de irmãos onde a lei é o amor e o Pai é Deus, “Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos” (1Jo. 5,2). Quem ama sempre busca agradar seu amado. Assim sendo, o homem ao fazer o bem, ao agir moralmente correto, buscando a perfeição é uma forma de agradecimento que faz a Deus seu Criador que o criou por amor. A recompensa àquele que ama e o próprio amor; a caridade, de facto, provém de Deus de modo tal que o próprio Deus é Caridade, “Eis o amor de Deus: que guardemos seus mandamentos. E seus mandamentos não são penosos, porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo” (1Jo. 5, 3-4). Cumprir os mandamentos do Senhor é procurar agrada-lo, é sinal de agradecimento ao seu imenso amor, por isso que não é árduo.
No Evangelho que meditamos neste domingo São João narra às aparições de Jesus ressuscitado. Podemos dividir esta passagem do Evangelho em duas partes: a primeira é a prova real de que o Senhor esta vivo! Ressuscitou; em segundo lugar encontramos a incredulidade de Tomé, que não acredita no que diz seus companheiros. Parece-me importante meditarmos sobre estes dois pontos. João começa falando, “os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: A paz esteja convosco! Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado.” (Jo. 20, 19-20). É importante notar que estes dois versículos nos dão duas informações essenciais para entender a ressurreição do Senhor; a primeira delas e que Cristo não esta preso a matéria, isto é, seu corpo pode entrar facilmente em um lugar sem ter a necessidade de abrir a porta. Seu corpo é um corpo glorioso que não estar preso ao espaço nem ao tempo. A segunda informação que encontramos é que o corpo de Cristo é o mesmo, mostrou-lhes as mãos e o lado. Embora seu corpo seja glorioso continua sendo o mesmo corpo que foi crucificado na cruz.
A ressurreição de Jesus tem algo particular, não é um simples voltar à vida como aconteceu com Lázaro e com tantos outros que logo depois de um tempo voltaram a morrer definitivamente. Jesus traz o seu mesmo corpo da cruz mais não só voltou à vida por um tempo, Jesus vive agora para sempre, não tornará a morrer. É nesta verdade que se fundamenta a nossa fé, de fato, se Cristo não ressuscitasse em vão seria a nossa fé, Já dizia São Paulo em uma das suas cartas. É este fato que para Tomé e a maioria dos judeus era impossível de acreditar. Não era fácil de compreender este mistério. A segunda parte do Evangelho João conta a descrença de Tomé naquilo que lhe relataram seus companheiros, “Os outros discípulos disseram-lhe: Vimos o Senhor. Mas ele replicou-lhes: Se não vir em suas mãos o sinal dos pregos, e não puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acreditarei” (Jo. 20, 25). Tomé é imagem de tantos de nós que muitas vezes também precisamos ver para acreditar. Muitas vezes esquecemos que a fé é crê naquilo que não se ver com os olhos da carne, mas com os olhos do coração. Por diversas vezes Jesus como a Tomé nos diz, “Não sejas incrédulo, mas homem de fé” (Jo. 20, 27).
Ser cristão exige um ato de fé em Jesus e em seus mistérios, nem sempre poderemos ver aquilo que estar oculto, mas no nosso coração deve reinar a certeza de que Jesus é real e embora não o vejamos estar sempre do nosso lado, se agirmos desta forma, será dirigida a nós à frase que disse Jesus a Tomé, Felizes aqueles que creem sem ter visto!” (Jo. 20, 29). Meus amados irmãos, como nos diz o salmista, Dai graças ao Senhor, porque ele é bom; eterna é a sua misericórdia!” (Sl. 117). Não devemos ficar indiferentes ao amor de Nosso Senhor que se ofereceu no lenho da cruz para nos salvar. Devemos ser agradecidos a esse Jovem Galileu que de maneira simples revelou o verdadeiro rosto de Deus, rosto de amor, de justiça e sobre tudo de misericórdia. Não esqueçamos de pedir a Maria, ela que acreditou nas palavras do Anjo Gabriel mesmo sem compreender, que venha nos ensinar a crê e amar seu Filho Jesus como ele merece ser amado. Maria Mãe da Divina Graça, roga por nós. Amém.



Roma, 15 de abril, 2° Domingo da Páscoa, do ano do Senhor de 2012



Acival Vidal de Oliveira
Diocese de Estancia-Se
Brasil

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